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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Mitos da perfeição

Todo projeto de perfeição é sem forma determinada, mas descobrir que o perfeito é aquilo que já está acabado causa uma sensação de liberdade. Quando o resultado final depende das frustrações adquiridas ao longo do caminho, o projeto compreende a fragilidade do ser.

Tentar corrigir os erros é saudável para todo e qualquer estilo de vida. Temos oportunidade de recomeçar se olharmos para o fracasso como fonte de aprendizado.

Na sociedade do ter a felicidade é para ontem, só que um projeto requer tempo, dificultando a mentalidade de quem conhece apenas o. Do ponto de vista humano a Revolução Industrial causou um enorme déficit se pensar em demora na série em escala. E não é que o humano acompanhou o mesmo ritmo esquecendo que ele ainda é artesanal.

Antes o natural era esperar pelo tempo das coisas e hoje, quem o sabe? Não se projeta o contexto da vida em série, nem se tem com o outro a mesma relação de rapidez. Longe de ser uma proposta idiotizada ou de moralidade, mas sim de valor e proteção para darmos conta de sentimentos que são colocados cada vez mais rápidos. No Aqui e Agora não temos tempo de acontecer e sem refletir pouco temos que fazer dentro da máxima que é o sonhar.

Enquanto isso, no avesso do que sou meus sonhos inquietos teimam em descansar como se fosse uma resposta àqueles que querem me apressar. Já falei aqui e torno a repetir em outras palavras, a fala do Fábio: Só o Senhor me conhece, o resto é achismo de quem gosta de julgar impiedosamente! 

Mi – Base:FM – Cps, 28/11/11

Papai e eu II

Acompanho a madrugada depois da noite triste. Olho as coisas e não consigo ver nem aceitar, mas tento entender “porque o pior virá e é certo”. Sento à sua cabeceira para neutralizar os efeitos das paredes frias e sem sentido. Abro a janela para respirar e não há ninguém lá fora. A respiração aperta meu peito, mas sorrio para que me perceba alegre. A tentativa inútil de frear a angústia que nada lenta se aproxima é muito mais que uma necessidade. Olho desesperada para dentro e vejo minha alma completamente descolorida e a sua pronta a esperar o tempo que começa chegar. Até os últimos instantes de mãos dadas selando o que me prometeu: “Enquanto eu viver estarei juntinho com você” e assim aconteceu.

Cumpriu sua missão com êxito e competência! .

Sei que ouvia as palavras que meu pensamento falava ao seu, porque naquela hora nos calamos para que nossos corações conversassem e nós dois também ficávamos em silencio ouvindo-os. Você seguiu e eu continuei aqui, a dolorida saudade deu lugar à saudade feliz. Sempre é um enorme prazer recordar de nós. Valeu cara! Você é demais!

Luiz, como diz a canção: amigo de fé meu irmão camarada
Um tanto dengoso, teimoso, cuidadoso e amoroso
Impossível afirmar que não me deixou mimada
Zangava, mas também brincava, o cara era garboso e cheiroso
Imaginem! Em tudo que falava transmitia paz
Não se pode negar, conforme diz talvez eu assim o fiz,
Homem de percepção e autoridade eficaz
Oh papai, você me ensinou como se é feliz! - 25/08/87

Quando olho para o passado celebro nossa história e reconheço a riqueza de nossa identidade. O bom de lembrá-lo é que olhamos para o presente com mais ternura. Papai foi um grande pai. Nunca economizou em carinho, atenção, simplicidade, sabedoria, respeito, companheirismo, amor.

Bom tipo meu velho!

Mi – Cps, 18/11/93 – 04:12hs. - HBP

domingo, 27 de novembro de 2011

Esperanças? Muitas!

Será que a nova geração entende que o Brasil depende do seu povo para avançar?

Porque a geração comprometida em mostrar políticos corruptos; admiração aos sábios, não aos espertos. Que precisamos ainda muito do bom senso para respeitar os direitos das pessoas de qualquer idade, raça e sexo; a educação no trânsito; que as ruas e patrimônios permaneçam limpos enfim, a geração que tenta passar o bastão da noção básica da ética da moral e dos bons costumes de civilidade é a minha.

Entender bem o que é avanço significa entender que educação é: se sujarmos temos que limpar, se usarmos temos que guardar, se ofendermos peçamos desculpas, se gostarmos agradeçamos. Não foram gentis conosco? Não permitamos que determinem nosso comportamento, nem por isso deixemos de ser gentil. Ninguém é obrigado a ouvir a música que só nós gostamos. Se tiver dúvida não diga que ama, agora se tiver certeza não economize.

Ótima a máxima de Jean-Paul Sartre: “A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”.

Precisamos nos educar muito para ensinar nossos jovens de um jeito certo. Pelo menos não é esta a resposta que sai deles, basta abrir nossas janelas e ver. Não são poucas as vezes que me pergunto: Em que parte do tempo nos perdemos? Uma coisa tenho certeza, tudo que vejo é assustador.
Tomara que o Brasil se acerte com seus jovens para seguir com perfeição! http://youtu.be/JB1PyGZAW4M

Mi - Base:FM?GC - Cps, 27/11/11

George Denis Patrick Carlin

Foi humorista, ator e autor estadunidense que defendia os valores seculares. Morreu em 2008 aos 71 anos uma semana após sua última apresentação no Orleans Hotel e Casino de Las Vegas. Queria ser cremado com as cinzas espalhadas sem homenagens públicas ou religiosas.

Ateu convicto da culpa e do controle social, cuja visão não diferenciava de nenhum religioso. Quando leio seus textos, me convenço de que ele era mais um típico ateu na contra mão.

O Paradoxo do Nosso Tempo
Nós bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critérios, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e rezamos raramente.
Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.
Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.
Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos menos.
Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.
Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas".
Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.
Uma era que leva essa carta a você, e uma era que te permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar 'delete'.
Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão por aqui para sempre. Por isso, valorize o que você tem e as pessoas que estão ao seu lado. George Carlin
O resultado das igrejas tem que passar entre o Amor a Deus e respeito ao ser humano, mas suas caricaturas nos afastam do essencial. Como cristã convicta prefiro a sinceridade dos ateus à certas arrogâncias. Viver o que anunciamos é desafiador. Temos diferenças teológicas sim, mas não nas questões humanas! Só Deus nos conhece e os achistas insistem nas interpretações desrespeitosas e sem caridade. A intenção do caráter cristão deve ser alimentado diariamente, para que Deus aconteça. Conversão é um processo delicado!

Mi – Base:FM – Cps, 27/11/11
A Santidade de Vida - George Carlin - http://youtu.be/6en4p-jMbyw

terça-feira, 22 de novembro de 2011

3º Evento enxuto

Uma coisa fica bem clara nas exposições: lugar onde aprendo, onde troco experiência de aprendizado e onde há valorização da leitura do que faço. Lugar onde recebo bênçãos de quem leva carinho embutido no trabalho e até mesmo quem nada leva, mas traz admiração ao torcer pela criatividade, como se lesse a alma de cada peça tocada. Pelo menos é assim que eu percebo!



















Quem inventa revive em cada peça compreendida, principalmente quando nossa pontualidade é respeitada!

Assim sendo, Ivone e eu agadecemos a todos por tudo!!

Que honra sermos abençoadas por Deus!

Mi - Cps, 22/11/11

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Sindicato dos Petroleiros

Quero iniciar agradecendo minha segunda exposição neste local.
Obrigada pelo carinho recebido, quanta satisfação e reconhecimento nele houve!

O evento contou com a participação do:

► Grupo de Ginástica






► Coral da Replan









► Dança de Salão

















► Feirinha de Artesanato
 Exposição da MIMIMOS ART




























 Outras artesãs
















 Amigos













 Visitas


“Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros”. Che Guevara

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A vida é uma arte

Quando a inspiração se mistura no contexto da vida, as palavras falam e apenas um gesto convence. A arte faz seu papel de nos transporta para o mundo da emoção, onde redime o significado que entra com ímpeto na memória, aguça os sentidos para que a alma ore. A obra insiste em criar e eu, claro, atendo! No final, a diferença é a respostas que não cala a pergunta.

A arte é mãe da beleza, ela empresta sentido ao buscarmos entendimento nas realidades e na grande maioria das vezes nasce das inadequações. Nem sempre a palavra diz ou explica, então a arte acontece.

Quando o homem trata a vida com arte, o cérebro é o próprio coração” Oscar Wilde.


Mi - Base: FM - Cps, 11/11/11

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Pejorativar é discriminar

Entender as pejoratividade e a discriminalidade do nosso vocabulário é analisar seu contexto e assim evitar que pretexto nos faça refém de grosserias.

Etimologia possibilita investigar a origem, causa e circunstância no processo evolutivo das palavras. A filologia estuda a língua através de seus escritos restaura e fixa textos para entendimento do uso lingüístico, sua história e compreensão de globalidade dos fenômenos culturais e literários.

O desenvolver de línguas, sociedades e civilizações caminhou em nosso vocábulo e recebeu conotações negativas, devido o histórico sócio cultural perpetuado no idioma. O uso popular dos termos separou a origem semântica favorecendo a forma preconceituosa, através dos sinônimos, exemplo:
- Bárbaro era qualquer estrangeiro para os antigos gregos e romanos. Hoje é sinônimo de cruel ou uma coisa surpreendente.
- Crioulo:era o escravo nascido no continente americano ou filho de europeus nascido nas Américas. Agora tem sentido pejorativo ou carinhoso, usado para negros.
- Esplêndido: o que brilhava. Hoje, no figurativo é algo suntuoso, luxuoso, ótimo.
- Esquisito: Era o raro, exótico. Agora significa: estranho, feio, mal-humorado, etc.
- Formidável: era dimensão colossal, gigantesca. Hoje é o ótimo, excelente, fantástico.
- Loja: era construção térrea. Agora é estabelecimento comercial.
- Vagabundo: quem vagava, perambulava. Hoje é sinônimo de má qualidade. No feminino ganha sentido pejorativo: prostituta, mesmo sendo grande trabalhadora.

Está cada vez mais impossível eliminar preconceitos embutidos nos termos. A educação começa em casa, mas com tanta desinformação a família não pode ajudar. Também não há notoriedade em trabalho educacional que consiga exterminar expressões agressivas em razão do despreparo no sistema e a mídia (internet, rádio e televisão) reforça o mau uso das palavras. Normalmente pessoas repetem o que ouvem sem saber o significado.

Boas explicações não surtem efeitos porque não há entendimento nem interesse. Estamos na contra mão! Jamais acabaremos com os erros idiomáticos contendo ofensas subliminares contra grupos étnicos, profissionais, regionais, religiosos, etc. 

No final do século 19, brasileiros e judeus (hebraico/israelita), pouco sabia um do outro. Pequenos grupos judaicos imigraram para o Brasil em razão das perseguições econômicas, sociais, da Igreja e da Coroa
[Caminho dos vocábulos - Segundo Lesser (1985 p.37):]

No português a palavra “judeu” e seus cognatos tem tom pejorativo com teor discriminatório e preconceituoso por causa dos séculos de Inquisição Ibérica. Sua terminologia vira sinônimo de maldade. Atitude ou ação de quem faz o mal, ruindade, perversidade, crueldade, maldade, atrocidade, barbaridade, diabrura, malignidade, malvadeza e etc.
- Judiar = era "maltratar os judeus". Hoje é comum e popular associá-lo como o agente da crueldade, entretanto é ofensa subliminar.
- Judiação = uso incorreto derivado de judiar.
- Judiaria = sinônimo de judiação; era bairro Judeu onde se concentrava a maioria deles.
Preconceito racial - http://youtu.be/w17voBag1F4

Não temos a mínima gentileza quando fazemos ou rimos de piadas sobre negros; homossexuais; mulheres; loiras; judeus; alguém especial ou de outra região e por aí vai. Cadê a graça? Está na satisfação preconceituosa ao pensar superioridade?

● AIDÉTICO: o correto é HIV positivo ou soropositivo, quem não apresenta sintomas; o doente de Aids apresenta os sintomas. http://youtu.be/XFp_CIlOhTo
● ATEU: expressão polêmica: “ não tem Deus no coração” ao nos referirmos a pessoas que praticam atrocidades http://youtu.be/zcviY3yfcJc
● DEFICIENTES http://youtu.be/WkaWtrlMNfU , os anões são vítimas de preconceito nada engraçado que afeta a dignidade. O uso correto é DIVERSIDADE FUNCIONAL - Somos sociedade que marginaliza ao invés de educar. Bem! A questão é: Se quisermos chamar a atenção façamos sem desqualificar ou debochar do outro. O mesmo fato também é responsável pela resistência contra a adoção de novos paradigmas, como vem acontecendo na mudança que vai da integração social para a inclusão social. http://youtu.be/muEyOBI6KqA
● BAIANADA, PARAÌBA: preconceito de caráter regional e racial; CABEÇA-CHATA: insulto racista aos cearenses. Preconceito contra nordestino - http://youtu.be/arnuzT-2cxU
● BARBEIRO: para motorista inábil. Ofende o profissional de cabelo e barba; MULHER NO VOLANTE, PERIGO CONSTANTE: frase preconceituosa por achá-la incapaz de dirigir contrariando as estatísticas. http://youtu.be/GpVavEQG7kI
● FARINHA DO MESMO SACO: político; jornalista; muçulmanos, ilustra a leviandade das generalizações apressadas, base de todos os preconceitos. Sim, há políticos corruptos, jornalistas imprecisos e muçulmanos extremistas, mas não é a totalidade. FUNCIONÁRIO PÚBLICO: houve a campanhas de desprestígio contra o serviço público, hoje preferem ser chamados de servidores, para enfatizar que servem ao público mais do que ao Estado. http://youtu.be/B2oC9QqNyOc
● HOMOSSEXUALISMO: o uso adequado é HOMOSSEXUALIDADE, o “ismo” tem peso pejorativo pode significar doença; BAITOLA BICHA VEADO e BOIOLA: depreciam os homossexuais o correto é GAY (f/m); para GILETE o certo é BISSEXUAL. http://youtu.be/-vndpFgWoZY . Lógico que SAPATÃO é pejorativo, LÉSBICA é o termo certo http://youtu.be/bFIeKXdDj_Y
● LADRÃO: aplicado aos pobres. Já os ricos são corruptos. http://youtu.be/Vi1QbHqDESI  - http://youtu.be/GSE7Ofa6n1I
● MULHER BRASILEIRA - http://youtu.be/3W8SljktKnk  - http://youtu.be/rGbT5bqSW_U
MULHER DA VIDA OU DE VIDA FÁCIL: eufemismos para a profissional do sexo, prostituta. http://youtu.be/LCmiVtkr5gg
● NEGRICE - Palavra racista usada por quem acha que negros fazem as coisas de forma errada, portanto, algo errado ou mal-feito é considerado uma negrice. Ora acarinha como: neguinho ou minha preta. Ora ofende http://youtu.be/8zYDkyY-dpo  A COISA FICOU PRETA/RUSSA: forte conotação racista e associa da situação ruim, PRETO DE ALMA BRANCA: frase altamente racista e segregadora à ideologia do branqueamento no país, onde atribui valor máximo à raça branca. http://youtu.be/EM6al58W99o
● PALHAÇO: não confundemos a um cínico ou quem não tem credibilidade. O profissional do riso pode se ofender. http://youtu.be/-wnOjwGyJXw
● XIITA: um dos ramos do Islamismo que se torna pejorativo caracterizando militantes políticos radicais e inflexíveis. http://youtu.be/vBBABW0-VUI

OPINIÃO DE CHICO BUARQUE

sábado, 5 de novembro de 2011

A flor do maracujá

Papai me chamava de vários nomes carinhosos, como: princesa, benzoca, negrinha linda e muitos outros, dentre eles também tinha flor de maracujá. Não me lembro tê-la visto de perto, só por fotos. Mas os apelidos me convidaram a ler o que os poetas escrevem, a respeito dos significados curiosos e as músicas igualmente me influenciam.

A palavra maracujá vem do tupi e significa alimento dentro da cuia. O maracujazeiro é uma trepadeira sublenhosa com deliciosos frutos as flores hermafroditas, são belas, grandes e vistosas, que abrem por 1 dia somente.

Os missionários que vieram com os colonizadores perceberam mais do que beleza e perfume, na sua formação complexa e admirável. Trataram logo de metaforizar a flor para explicar aos índios a Paixão de Cristo:
- as cores vermelhas e roxas utilizavam nos rituais da Semana Santa;
- a coroa floral filigrada simbolizava a coroa de espinhos;
- os três estigmas da flor eram os três cravos (pregos);
- as cinco anteras representavam as cinco chagas;
- as gavinhas viraram açoites;
- e o fruto redondo significava o mundo que o Cristo veio redimir.

Por isso chamam-na flor-da-paixão (Paixão de Cristo). Antes disso, os jesuítas catalogaram e divulgaram o fruto com seu respectivo sabor e propriedades calmantes.

Bem! Eu penso que o papai não sabia nada disso, mas de uma coisa tenho absoluta certeza, ele gostava da exuberância da flor, por isso me chamava assim. Coisas de pai “coruja”!

1º) A FLOR DO MARACUJÁ - De Catulo da Paixão Cearense
Encontrando-me com um sertanejo
Perto de um pé de maracujá
Eu lhe perguntei: diga-me caro sertanejo
Porque razão nasce roxa a flor do maracujá?
Ah, pois então eu lhi conto a estória que ouvi contá
A razão pro que nasci roxa a flor do maracujá
Maracujá já foi branco eu posso inté lhe ajurá
Mais branco qui caridadi mais brando do que o luá
Quando a flor brotava nele lá pros cunfim do sertão
Maracujá parecia um ninho de argodão
Mais um dia, há muito tempo num meis que inté num mi alembro
Si foi maio, si foi junho si foi janero ou dezembro
Nosso sinhô Jesus Cristo foi condenado a morrer
Numa cruis crucificado longe daqui como o quê
Pregaro cristo a martelo e ao vê tamanha crueza
A natureza inteirinha pois-se a chorá di tristeza
Chorava us campu as foia, as ribera
Sabiá também chorava nos gaio a laranjera
E havia junto da cruis um pé de maracujá
Carregadinho de flor aos pé de nosso sinhô
I o sangue de Jesus Cristo sangui pisado de dô
Nus pé du maracujá tingia todas as flor
Eis aqui seu moço a estoria que eu vi contá
A razão proque nasce roxa a flor do maracujá.

2º) - Flor de maracujá - De Fagundes Varela
Pelas rosas, pelos lírios, pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas do canto do Sabiá,
Pelo cálice de angústias da flor do maracujá!
Pelo jasmim, pelo goivo, pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos da flor do maracujá.
Pelas tranças da mãe-d'água que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados na flor do maracujá.
Pelas azuis borboletas que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas da flor do maracujá!
Pelo mar, pelo deserto, pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas que falam de Jeová!
Pela lança ensangüentado da flor do maracujá!
Por tudo que o céu revela! por tudo que a terra dá
Eu te juro que minh'alma de tua alma escrava está!!..
Guarda contigo este emblema da flor do maracujá!
Não se enojem teus ouvidos de tantas rimas em - a -
Mas ouve meus juramentos, meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios da flor do maracujá!


Mi - Cps, 05/11/11

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Maturidade

Amadurecer é ser capaz de assumir independência afetiva. A autonomia representa a maior dor, maior alegria e dá condições do não condicionamento. È bom ter o amor liberto diante daquilo que nos amordaça, ser livre é lidar bem conosco e com o outro. Há certos amores que gostam de nos fazer refem de quem amamos e igualmente interfirir na liberdade de alguém. O amor bom gera pertença, nunca prisão, confinamento. Imposição pode ser o lixo que nos impede de viver livremente em busca daquilo que acreditamos. Fazer a liberdade acontecer é acolher a vida com serenidade.

Há muitas pessoas que nos fazem sentir pequenos, mas também é verdade que algumas nos fazem grandes.

Zé Ramalho tem razão: sinônimo de amor é amar e não machucar.

Base: FM – Cps, 04/11/11

Perdoar não é mágico, nem simples

O perdão passa o tempo todo pela dura análise da mágoa. Colocar regras na convivência estabelece limite e da o direito de não permitir ser machucado. Quem ofende precisa entender a autoridade da regra e ser responsável com o perdão recebido. Exigir respeito é a única maneira de manter a vontade de perdoar. O desafio consiste em fazer com que o outro tome consciência de que erra no exercício da compreensão. Sentimento de perda valoriza o perdão, ao perdoar e ser de novo ofendido requer um posicionamento. Lidar com o amor implica obrigações de carinho para que o mal não prevaleça, senão fica difícil acreditar neste amor.

Perdôo quem valorizo e o faço quantas vezes tiver motivo de manter vivo um amor feito de fragilidade, por isso cuido do vínculo estabelecido. Vida com qualidade é quando a qualidade aparece na observância da disciplina. Justificar comportamentos agressivos explosivos com a triste expressão: “sou assim” não combina com respeito. Como pode uma pessoa ser incapaz de mudar?

Conviver com quem não assume o erro ou que se desculpa e magoa novamente é horrível! Ok, o perdão está aí para ser oferecido, mas também serve para motivar mudanças. Lutar contra a míséria humana a favor da virtude é perdoar mais e dar menos motivo para ser perdoado.

Quando é vitória de Deus? Quando tais misérias não se estabelecem em mim

Base: FM – Cps, 04/11/11

Restauro limite e Dignidade

Mesmo com toda responsabilidade na palavra que digo tento não criar céu nem inferno, pois no reflexo repercute minha feitura. Claro que nem sempre consigo!
No oculto do meu íntimo necessitado de reparo ninguém jamais entra, contudo há sempre um detalhe de Deus se revelando. A rocha que saí é preciosa, mas não trago comigo nobreza, sou pedra comum que de alguma maneira encontra disposição para reforma e sei que não é impossível. Trabalho com minhas verdades e defeitos, ao corrigir-me não há qualquer outra intenção senão a de ganhar virtudes. A manutenção constante me beneficia e mostra que vim do humo, mas nem por isso permito humilhações. Conscientizo de minhas misérias, então quero o modelo que não seja estúpido ambicioso e escravo do orgulho. Tento contornar o peso da convivência, o triste é que muitos não avaliam a deformidade de sua construção, o qual me causa verdadeiro abalo sísmico, cujas fendas exalam o meu pior. No meu exame de consciência percebo que é hora de delimitar espaço para não contendar. A serenidade que a maturidade me deu, agora está funcionando com bastante deficiência. Seria eu mesma se no amor daquele que diz me amar (coisa que acredito), não comportasse tanta hipocrisia. Porque o respeito prova o tempo todo do amor que diz sentir. Não é isso?
Base: FM – Cps, 04/11/11