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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Liberdade?

Talvez seja utopia a liberdade que dizemos ter.
A filosofia entende a liberdade humana, primeiro como independência, ausência de submissão, em seguida como autonomia, ou seja, aquele que governa a si mesmo.

Mas, o que dizem filósofos e pensadores sobre essa tal liberdade?

► Para os gregos, a liberdade é via de mão dupla: de um lado independência do outro, obediência (lei). Eles têm uma noção de liberdade ambígua: “liberdade pela lei, mas sujeição à lei”. A cidadania liberta com uma mão e com a outra exige obediência, obrigações.
► Conforme Erasmo há também a idéia cristã, da submissão à autoridade.
► Em Descartes deseja-se liberdade e essa vontade depende de muitos fatores.
► Para Spinoza ser livre é agir de acordo com a natureza. A liberdade realizada em sua totalidade implica saber assumir e responder tais consequências.
Lutero afirma que o cristão é livre e desobrigado de qualquer lei se viver na fé, a liberdade é espiritual, sem conotação política.
► Em Locke política e filosofia andam juntas na busca pela liberdade, um bem que devemos proteger. Ele associa liberdade e propriedade
► Segundo Rousseau o Homem só é livre quando obedece as leis, prática possível de realizar: "Um povo livre obedece, mas não serve; tem chefes e não senhores; obedece às leis, mas só obedece às leis; e é pela força das leis que não obedece aos homens." Para ele a solidariedade vem antes da liberdade.
Leibniz, senhor de um enorme intelecto e ricas observações, que tentou unir em vão católicos e protestantes, nos faz entender que desconhecemos os desígnios e a totalidade de Deus, mas sabemos da Sua onipotência e bondade. Isso assegura que o mundo contém o máximo de coisas boas. Deus prefere que conheçamos os reais motivos pelos quais vivemos. Assim temos livre-arbítrio para agir dentro da moral e da razão.
► Em Schopenhauer, a ação humana não é absolutamente livre. O homem não escolhe o que deseja. Logo, o que parece liberdade é uma ilusão ocasionada pela pressão exercida sobre o aspecto do caráter.
► A liberdade para Sartre revela-se na angústia. O homem angustia-se diante de sua condenação à liberdade, ele só não é livre para não ser livre. Está condenado a escolher e a responsabilidade de suas escolhas é tão opressiva. Então surgem escapatórias de má-fé que o isentem da responsabilidade de suas decisões. Em Sartre liberdade é uma penalidade. "O homem está condenado a ser livre".
► Para Pecotche, a liberdade é prerrogativa natural do ser humano. Já que nasce livre, embora não se dê conta até o momento em que sua consciência o faz experimentar a necessidade de exercê-la como único meio de realizar suas funções primordiais da vida e o objetivo que cada um deve atingir como ser racional e espiritual. O conhecimento é o equilíbrio das ações humanas e em consequência, ao ampliar os domínios da consciência, é o que faz o ser mais livre.
► Segundo Kant, liberdade é autonomia, direito do indivíduo racional, através do conhecimento das leis morais e não apenas pela própria vontade da pessoa. Para ele a liberdade é o livre arbítrio e não deve ser relacionado com as leis.
► Em Karl Marx a sociedade se divide em proletários e capitalistas assim sendo, a liberdade é a busca para se escapar da necessidade. "O reino da liberdade começa onde termina o reino da necessidade". Hoje, talvez a liberdade seja o tempo livre que não se vende.
Mikhail Bakunin fala da liberdade real baseada na educação e na condição material. No sentido negativo liberdade e autoridade, não se combinam.
► Conforme Guy Debord liberdade é uma ilusão. Na sociedade capitalista a única liberdade que existe é a liberdade de escolher qual mercadoria consumir impedindo que os indivíduos sejam livres na sua vida cotidiana. Temos que escolher sempre entre duas ou mais coisas pré-determinadas por outros.
► Para Philip Pettit no Estado há uma série de particularidades, dentre elas a existência e uso do monopólio do poder coercitivo cujos membros não se desvinculam. Como ser livre submetido ao poder do Estado? Enfim...
... pessoas sujeitas as regras não são livres, mas se forem esclarecidas têm sensação de liberdade e confortavelmente assumem que para se viver em sociedade as regras se fazem necessárias. A liberdade do outro termina onde começa a dele. Pode-se querer ir e vir, desde que (condição) não prejudique ninguém. Antes que o indivíduo tenha “liberdade”, a ética o ensina ter regra para não passar sobre princípios legais. Toda vontade será exercida nos limites da lei.

Conhecendo a natureza humana no mundo moderno é possível ser o homem totalmente dono de si? Evidente que sim! Mesmo sob tais regras é grande a possibilidade de se viver muito bem.

Carpe Diem expressão latina que significa a “colha o dia” ou “evite gastar o tempo com coisas inúteis”ou “aproveite o momento” tirada de um poema do poeta romano Horácio (65 - 8 AC), que interessado no epicurismo e no estoicismo ( nas suas Odes, I, 11, 8 “A Leuconoe”) tenta persuadir Leuconoe a aproveitar o agora e dele retirar todas as suas alegrias.
"Tu não indagues (é ímpio saber) qual o fim que a mim e a ti os deuses tenham dado, Leuconoé, nem recorras aos números babilônicos. Tão melhor é suportar o que será! Quer Júpiter te haja concedido muitos invernos, quer seja o último o que agora debilita o mar Tirreno nas rochas contrapostas, que sejas sábia, coes os vinhos e, no espaço breve, cortes a longa esperança. Enquanto estamos falando, terá fugido o tempo invejoso; colhe o dia, quanto menos confiada no de amanhã."  Horácio