Triste essa sutura na existência que gosta de diminuir ou deixar o outro desconfortável com tanta falta de cordialidade por qualquer coisa. Não dá para admitir uma discrepância entre a idade que se tem e a palavra que se diz. A pergunta que fazem é sempre a mesma: quantos anos você tem? Caramba! Já estamos no mundo líquido que Zygmunt Bauman fala. Na brevidade é natural pensar que ser jovem é até aos 28 anos. Quando passamos desta idade a todo momento nos dizem de um modo velado, mas bastante prazeroso que somos velhos. Sou realmente, mas Balzac falava que qualquer idade tem sua juventude, talvez seja isso que incomoda o outro, não a mim. Assim sendo costumo dizer que tenho o dobro e ainda respondem: “Nossa, nem parece!” Na verdade cabeça pequena é que envelhece. Melhor mesmo é brincar e reservar ao espírito o deleite das inconclusões. Será que as pessoas ainda não sabem que o cotidiano fala idades? Conforme Mário Quintana, a idade é o menor sintoma da velhice.
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