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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sobre comportamento, mulher e moda

Bons modos - Etiqueta é a solução para problemas inerentes da sociedade.

Lógico que a sociedade muda e com ela o comportamento humano evidentemente! No Brasil, a classe média recebeu outras classes. A necessidade agora é solucionar as formas de compreensão destas novas classes sociais que percebem a existência de regras julgadoras sem ao menos conhece-las.

Também houve mudanças nos jovens de classes mais abastardas, eles desconhecem esses códigos apesar de toda a informação, estão completamente ignorantes sobre regras de educação, filhos netos de pessoas educadas se apresentam pessimamente mal-educados.

Então como nos portarmos diante do novo cenário que pede soluções?


Temos uma enormidade de novos códigos de convivências, éticas cotidianas reguladoras para facilitar a vida de todos. Trata-se de um conjunto de recomendações para evitar mal-entendidos e serve para estabelecer condutas em situações específicas. A contemporaneidade não concorda com regras ligadas a artificialidade, a teatralidade, aquelas que vêm de cima e nada tem a ver com hoje, regras, etiqueta tem que fazer sentido.

Observar etiqueta antiga é bom para analisarmos o que funciona e como funciona o nosso querer na vida agora. Pertencer a etiqueta do sentido é reivindicar a passividade diante dos códigos para usá-los com liberdade e conhecimento de causa, agir por escolhas sabendo o que se quer. Em outras palavras é a etiqueta da autonomia, que não precisa perder o outro de vista, mas o outro não pode ser determinante. Esta é a única maneira de se relacionar bem.

Depois de anos de desprezo parece que não se tem grande procura pelo que vemos hoje. O mundo contemporâneo pede por bons modos, exige boas maneiras para pessoas se apresentarem se relacionarem e conviverem, apesar da década ser de extrema individualidade.

Mas, nem sempre foi assim, as informações sobre as regras de etiquetas começaram nos séculos XVI (1530) e XVIII (1700), as buscas por elas eram enormes. Temos idéia de como nobres se portavam á partir das Regras de Leonardo Da Vinci que era mestre de banquete na corte de Ludovic Sforza.

Normas de Da Vinci:
1) Nenhum convidado deve por a cabeça no prato, nem deve pegar a comida no prato do vizinho, a menos que antes lhe tenha pedido permissão;
2) Nenhum convidado deve colocar resto de sua comida no prato de seus vizinhos, ou mastigar sobre o prato de seus vizinhos antes de solicitar-lhes permissão para isso;
3) Nenhum convidado deve cuspir sobre a mesa;
4) Nenhum convidado deve beliscar ou bater em seu visinho;
5) Nenhum convidado deve incendiar ou dar nó na toalha, nem na roupa de seus visinhos, enquanto sentado a mesa;
6) Nenhum convidado deve fazer insinuações impudicas aos servos do meu senhor, ou brincar com seus corpos;
7) Nenhum convidado deve bater nos servos.

Em meados de 1530, a França e a Itália eram completamente rudes, então surge para ambas quase no mesmo tempo, a regra de etiqueta, muito distinta, com caminhos diversos. Nessa época começaram a aparecer os primeiros livros sobre o assunto. O primeiro Best Seller da humanidade é um livro de etiqueta (1530) de Erasmo de Rotterdam, para crianças, a partir daí apareceram vários outros.

● A 1ª linha - Etiqueta da Corte

Duque Montefeltro
Na Itália a etiqueta vem humanista, renascentista temos como referencia o livro O Cortesão (1528) de Baltassare Castiglioni ( http://is.gd/hmwlk ), que conta como era em 1482 a corte do Duque Guidobaldo de Montefeltro ( http://is.gd/hmwBj ), no Ducado de Urbino, centro da Itália. Corte de refinamento, ligada as artes, inventaram a sociabilidade perfeita. Já não era mais o nobre de sangue, mas aquele que buscava a excelência física moral e social pela incorporação da cultura. Ele, homem culto, sabia grego latim, conhecia música, dança, medicina, artes, jogos e as regras do convívio social, o ideal clássico do humanismo grego. A primeira manifestação de etiqueta que apareceu. O homem e mulher se faziam nobres pelos seus desempenhos humanos (escravos não contavam). Tudo com a maior expressatura ou expretsatura, onde mostravam uma total naturalidade, sem demonstrar o menor esforço.

● A 2ª linha – Etiqueta da Teatralidade
Luiz XIV
Ao mesmo tempo em que surgia na Itália a etiqueta da graça sem o menor esforço começava na França no Ducado de Borgonha Século XIV o auge da etiqueta na corte de Versalhes com Luiz XIV ( http://is.gd/hmypu ), o oposto da outra. Era a etiqueta da afetação, do artifício, da teatralidade e dos códigos rígidos. Nada deveria se parecer natural ou espontâneo. Aqui a etiqueta não tinha como finalidade tornar o convívio mais interessante, mais agradável ou realizar os potenciais humanos e sim dar visibilidade as hierarquias do poder onde reinava o monarca absoluto. O modo de ser e de agir queria dizer que estava com maior poder que o outro. O rei manipulava para dominar, se a rainha olhasse alguém com maus olhos todos tratavam de acompanhá-la. Era a hierarquia do nobre, do sangue, que predominava o poder, a etiqueta das aparências.

● A 3ª grande linha – Etiqueta Burguesa

Burguês
Copiando alguns modos anteriores esta etiqueta dominou os franceses e foi a qual chegou até nós. Diferente das outras duas é a etiqueta da produção, nobre por aquilo que produz e não por excelência, nascimento ou por virtude. O homem da etiqueta burguesa, pós-revolução valia por aquilo que conseguia produzir sem ter que trabalhar, só dava ordens. Não era bonito um nobre trabalhar ou poupar, se trabalhasse teria que deixar de sê-lo. - conta a história que um nobre francês deu dinheiro a seu filho para uma viagem e quando o filho voltou devolveu o que restou do dinheiro. O pai enfurecido jogou pela janela esse dinheiro e gritou ao filho: que isso!?Você é um nobre e poupou o dinheiro?-.

O que determinou a vida dessa sociedade é a produção e nesta esfera que se fez necessária uma regulação de algumas regras de código por conter excesso e violência da competitividade. Aqui também o público e o privado se estabeleceram, a vida no trabalho era uma e em casa era outra bem diferente.

Criou-se o termo da Etiqueta da Hipocrisia e nós conhecemos um dos exemplos mais típico, da sociedade hipócrita: os mafiosos, que no trabalho eram de um jeito pavoroso, matavam roubavam batiam e em casa, aquele rigor com a família.

Dualidade com ar de hipocrisia (na rua assim em casa assado).

A mulher
Da mediocridade a emancipação na sociedade ao longo do tempo, em que ocorreu uma transformação na obstetrícia e o controlo da natalidade. Mulheres passavam grande parte de suas vidas grávidas. Eram vistas apenas como um utensílio que tinha como únicas utilidades: venerar o marido e manter-se submissa a ele, criar e educar filhos, cuidar da casa. Não tinham poder de escolha/decisão em nada nas suas vidas, nem o marido podiam escolher, limitando-se a serem escolhidas e até a serem passadas para outro se o marido assim o entendesse.
Nos anos 50 este modelo chegou já meio cansado e modificado, até os anos 60 onde o bom tom, o bom gosto, o bom senso burguês, agora são violentamente contestados, seus códigos desprezados e confrontados.

Agora deveria predominar a autenticidade.

Anos 60
Um marco de mudanças no comportamento da sociedade. Inicia com o sucesso do rock and roll no rebolado frenético de Elvis. A imagem do blusão de couro, topete e jeans, em motos ou lambretas, rebeldia ingénua sintonizada com ídolos do cinema como James Dean e Marlon Brando.

Moças comportadas abandonaram as saias rodadas e atacaram as calças cigarette, em demonstração de liberdade. Explosão da juventude em todos os aspectos. Era Jovem ou On the Road da geração beat, começava a opor-se à sociedade nas mudanças de comportamento jovem, como a contracultura e o pacifismo.

Transformação radical, fim da moda única, a forma de se vestir era ligada ao comportamento, jovens pela primeira vez, tiveram sua própria moda, não mais derivada dos mais velhos. A moda era não seguir a moda, sinal de liberdade para essa juventude.

Na moda, a grande vedeta dos anos 60 foi, sem dúvida, a mini-saia, depois a japona e sahariennes (estilo safari) usadas nas ruas de Londres ou Paris. A calcinha e a meia-calça davam conforto e segurança para usar a mini-saia e dançar o twist e o rock. O unissex ganhou força com os jeans e as camisas sem gola, a mulher ousava vestir-se com roupas masculinas, como o smoking (lançado para mulheres por Yves Saint Laurent em 1966). A alta costura perdia cada vez mais terreno para a confecção, importante era o estilo, então o costureiro virou estilista.

O que caracterizou a juventude feminina dos anos 60 foi o desejo de se rebelar, a busca por liberdade de expressão e sexual. O anticoncepcional proporcionou a elas um comportamento sexual mais liberal. Ainda faltava a igualdade em direitos, salários e decisão. Os anos 60 chegaram ao fim, coroados com "Woodstock Music & Art Fair", que reuniu cerca de 500 mil pessoas, 3 dias de amor, música, sexo e drogas.

No início da década elas pensavam assim: http://is.gd/hqdJS

Anos 70
Era a vez do o hippie-chic com as estampas multicoloridas e os tecidos de estilo cashmere indiano; a mini-saia da década anterior, ainda marcava presença no início dos anos 70. A mulher passou a ser romântica e despojada: com cabelos desalinhados, saias indianas longas ou curtíssimas, batas e estampas florais. A moda unissex entra com boca-de-sino e sapatos plataforma.

Juventude inexperiente e desconhecia o rumo a tomar sabia apenas que não obedeceria a padrões reinantes. A moda seguiu a corrente hippie. O ocidentalismo considerado decadente acabou resultando na consolidação da própria contestação, tendo como bandeira um pedaço de tecido grosso, azul e desbotado: o jeans.

Anos 80
Eternamente lembrados como uma década onde o exagero e a ostentação foram marcas registradas e o jeans alcançou seu ápice ganhando status. Pode-se dizer que os anos 80 começaram realmente em 1977, com o sucesso da música inspirados no filme “Saturday Night Fever”. Voltaram o glamour da noite e o charme do excesso e do brilho, deixando para trás o estilo hippie dos anos 70. A juventude trouxe de volta o que já era considerado “velho”: roupas sob medida e vestidos de baile. Os anos 80 seguem o charme e a sofisticação dos anos 60, porém com certo exagero.

As mulheres ingressaram maciçamente no mercado de trabalho, à procura por cargos de chefia, adotaram o visual masculino. Cintura alta e ombros marcados por ombreiras era a silhueta de toda a década, ao lado de pregas e drapeados para a noite ou dia.

Acessórios dourados, tamanho era sinônimo de atualidade, vestidos passaram a valorizar mais o corpo feminino, com cintura marcada, fendas, tops sem alças ou saias balonês. O visual era extravagante, mini-saia com legging, macacões e shorts, as cores cítricas fizeram muito sucesso, como o verde-limão, o amarelo e laranja fosforescentes. A maquiagem abusou do colorido nas sombras, olhos bem pintados e batons de cores vivas, como o vermelho, pink e marrom escuro.

Anos 90
O exagero dos anos anteriores ainda influenciou essa década. Lançaram os jeans coloridos e a blusa segunda-pele colocaram a lingerie em evidência alavancou a moda íntima, que criou peças para serem usadas à mostra, como novos materiais e cores. Na segunda metade da década de 90, a moda passou a buscar referências nas décadas anteriores, fazendo releituras dos anos 60 (cores claras, tiaras) e 70 (plataformas em tamancos e modelos fechados, geralmente desproporcionais), tudo mesclado a modismos dos anos correntes. No trabalho a mulher não podia aceder, na magistratura, diplomacia e política.

Curiosidades:
• Mulheres casadas não podiam usar o seu patrimônio, não trabalhavam nem poderiam viajar para o exterior sem autorização do marido; enfermeiras não podiam se casar legalmente; professoras não podiam desposar de qualquer pessoa e a autorização vinha através do Diário da República e só poderia ser com um homem que tivesse um vencimento superior ao dela.

Feminismo: “sistema dos que preconizam a igualdade dos direitos do homem e da mulher”: é esta a definição de feminismo com que nos deparamos num dicionário, no entanto, ao falarmos em feminismo, referimo-nos a uma doutrina que se refletiu em movimentos sociais.

Reivindicação: só se pode falar dos direitos da mulher a partir do século XVIII, graças ao Iluminismo e à Revolução Francesa. Datam dessa época as primeiras obras de caráter feminista, escritas por mulheres como as inglesas Mary Wortley Montagu (1689-1762) e Mary Wollstonecraft (1792), "A Vindication of the Rights of a Woman", que propunha a igualdade de oportunidades na educação, no trabalho e na política.

No século XIX, o número de mulheres empregadas aumentou consideravelmente devido a Revolução Industrial. À partir desse momento as ideologias socialistas se consolidaram, de modo que o feminismo se fortificou como um aliado do movimento operário. Nesse contexto realizou-se a primeira convenção dos direitos da mulher em Seneca Falls, Nova York em 1848. Em Nova York, em 1857, aconteceu o movimento grevista feminino que, reprimido pela polícia, resultou num incêndio que ocasionou a morte de 129 operárias, justamente no dia 8 de Março (Dia Internacional da Mulher).
O direito ao voto foi obtido pelas mulheres do mundo ocidental no início do séculoXX.
Fonte: http://is.gd/hmQnD

O forte e talvez o mais expressivo exemplo de mudanças na sociedade é a mulher, que deixou o lar ganhou o mercado recheados de deveres, obrigações e com toda responsabilidade que lhe é peculiar. A mulher de hoje já não espera pelo homem para ter sua casa e seguir sua vida. Nos grandes centros, a grande maioria delas já se desassociou até da maternidade. Como são vistas estas mulheres?

O triste é ouvir que hoje da própria mulher que diz a outra mulher: “não tem marido, não tem filhos, logo não têm compromissos”.

Quem não tem compromisso são as casadas e com filhos, porque tiveram maridos para se preocuparem em seu lugar, pois não é assim o modelo antigo das mulheres submissas? http://is.gd/hmR2u

Enfim... Novamente temos que reorganizar a sociedade. O estilo pessoal de vida vem através das escolhas e não por serem escolhidas.

Mi – Base – Palestra da Glória Calil – Cps, 01/11/10 http://is.gd/hmT1S
http://is.gd/hqy2T