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sábado, 26 de janeiro de 2013

O poder do tempo


Como se define a questão do tempo, o regente sinalizador de regras e da razão? É quem estabelece o espaço entre felicidade e tristeza, dúvida e resposta, saudade e menosprezo. Organizador da infância, juventude, velhice e encarregado da finitude também. Concede as horas, os dias, os anos, as urgências e ressignificados de jeitos diferentes. Convida a olhar e a sair das obrigatoriedades transformando as coisas em graças para que não se perceba o peso de seus fardos. Entender diariamente o instante é o desafio para qualificar o tempo e assim passa-se pela vida vivendo amplamente, porque ele perpassa por tudo. Convence ser ele um aliado de Deus.
Passado, Presente e Futuro, a tríade perigosa de Blaise Pascal (1623/1662) físico matemático, filósofo moralista e teólogo francês do Séc.XVII, autor da obra”Pensées” (Pensamentos) onde se encontra a mais famosa frase: “O coração tem suas razões, que a própria razão desconhece”, fala sobre observar o tempo:
O Presente Inexistente 
"Nunca nos detemos no momento presente. Antecipamos o futuro que nos tarda, como para lhe apressar o curso; ou evocamos o passado que nos foge, como para deter: tão imprudentes, que andamos errando nos tempo que não são nossos, e não pensamos no único que nos pertence; e tão vão, que pensamos naqueles que não são nada, e deixamos escapar sem reflexo o único que subsiste. É que o presente, em geral, fere-nos. Escondemo-lo à nossa vista porque nos aflige; e se nos é agradável, lamentamos vê-lo fugir. Tentamos segurá-lo pelo futuro, e pensamos em dispor as coisas que não estão em nossa mão, para um tempo a que não tem garantia alguma de chegar.
Examine cada um os seus pensamentos, e há de encontrá-los todos ocupados no passado ou no futuro. Quase não pensamos no presente; e, se pensamos, é apenas para à luz dele dispormos o futuro. Nunca o presente é o nosso fim: o passado e o presente são meios, o fim é o futuro. Assim, nunca vivemos, mas esperamos viver; e, preparando-nos sempre para ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos". Blaise Pascal, in “Pensamento”

Pascal tem razão, conforme ele vive-se o ido ou o que virá, dificultando a consciência de estar. Viver só o futuro ou só o passado é não vivente e o agora é o presente do tempo para ser vivido já. É natural ter sonhos e memórias desde que lembranças e esperanças não neutralizem, mas facilitem realidades. Atentar-se ao presente não é outra coisa senão viver completo cada ciclo da vida. Talvez seja isso!

Mi, 26/01/13 – Base: FM