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sábado, 14 de maio de 2011

Sobre Henri Bergson

Henri Louis Bergson [Paris – 1859/1941] - filósofo preocupado com a fé e a inteligência, educado nas exigências judaica. Morre ao longo da ocupação nazista na França, depois de se converter ao catolicismo. Segundo a sua filosofia ha quatro idéias fundamentais:
► "Intuição" essa espécie de simpatia intelectual pela qual nos transportamos ao interior de um objeto para coincidir com aquilo que ele tem de único e, por conseguinte, de inexprimível. Essa forma de conhecimento interior e absoluto contraria a tendência espontânea de nosso espírito. A inteligência, a ciência, a técnica, a vida social, etc., nos afastam das coisas e de sua interioridade, porque esta representa o ser contraído (tensão), enquanto aquelas atividades não podem organizar-se senão sobre o ser em repouso (distensão). A inteligência conceitual desloca a realidade do tempo para o espaço, suprimindo o fluxo que a constitui e fixando-lhe contornos precisos e permanentes, através dos quais ela se torna suscetível de ser "definida" e "utilizada". Nesse caso, a "durée" é materializada. Matéria é uma das metades da natureza, pela qual se distende e se faz conhecer fora de si mesma. A oposição entre matéria e espírito, entre tensão e distensão, não é concebida em termos dualistas, mas como impulsos constitutivos da mesma "durée". Para ir de um a outro, a "durée" percorre uma série de alterações qualitativas. Seja lá como for a verdade suas noções de matéria e de espírito são bem pouco convencionais.
► "Durée" instituindo-a no momento global e unido que compreende a sua trajetória. O seu fracionamento em instantes separados - em "paradas" ou imobilidades sucessivas - representa a espacialização do que é temporal. O tempo é "durée" na medida em que ele próprio constitui a substância, isto é, na medida em que "substância" é "alteração". Depois de estudar a alteração, através da qual a "durée" se diversifica, Bergson procura identificar o processo oposto: o da unificação, o "reencontro do simples como uma convergência de probabilidade".
► “Memória” no entanto, o tempo é - simultaneamente - inseparável da consciência e também - já que fluir é a essência do ser e de todo universo. Tempo é duração, duração é memória e memória é vida. E a vida, para Bergson, nada mais é do que criação contínua. Mas também é memória, memória de si mesma e de suas aventuras nos labirintos do tempo.
► "Elan vital" é a virtualidade da "durée" que cria direções diferentes pelo simples fato de crescer. A "memória" integra os diferentes momentos da "durée", absolutamente diferentes entre si, mas unificados numa totalidade movente. Defende a existência de um "élan vital" que cria incessantemente todas as coisas, Essa evolução seja resultado da ação do élan ou impulso vital sobre a matéria bruta. Trata-se, na verdade, de uma "evolução criadora", onde tal impulso, ainda que seja uno, cria continuamente, a partir de séries divergentes, a novidade e a diferença. É nesse sentido que Bergson diz que "a vida é pura zona de indeterminação"

Sua originalidade reside, fundamentalmente, no tipo de ruptura que ele introduz no racionalismo do século 17. Para ele, a filosofia não só se distingue da ciência, como mantém com as coisas uma relação que é o oposto da relação científica. Uma é o conhecimento do absoluto, e outra, do relativo. Um absoluto não poderia ser dado senão numa intuição, ao passo que todo o resto depende da análise.

Em poucas palavras, a evolução em Bergson tem um caráter progressivo, isto é, evoluir significa aperfeiçoar-se e, nesse caso, trata-se de um aperfeiçoamento da própria vida (que é entendida como um "em si", como um princípio vivificador, ou seja, ela é o próprio élan, o impulso vital).

Bergson reconhece sua filosofia como dualista. Temos, de um lado, o élan e, de outro, a matéria bruta, ou seja, dois princípios: um espiritual e outro material.