Páginas

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Papai e eu II

Acompanho a madrugada depois da noite triste. Olho as coisas e não consigo ver nem aceitar, mas tento entender “porque o pior virá e é certo”. Sento à sua cabeceira para neutralizar os efeitos das paredes frias e sem sentido. Abro a janela para respirar e não há ninguém lá fora. A respiração aperta meu peito, mas sorrio para que me perceba alegre. A tentativa inútil de frear a angústia que nada lenta se aproxima é muito mais que uma necessidade. Olho desesperada para dentro e vejo minha alma completamente descolorida e a sua pronta a esperar o tempo que começa chegar. Até os últimos instantes de mãos dadas selando o que me prometeu: “Enquanto eu viver estarei juntinho com você” e assim aconteceu.

Cumpriu sua missão com êxito e competência! .

Sei que ouvia as palavras que meu pensamento falava ao seu, porque naquela hora nos calamos para que nossos corações conversassem e nós dois também ficávamos em silencio ouvindo-os. Você seguiu e eu continuei aqui, a dolorida saudade deu lugar à saudade feliz. Sempre é um enorme prazer recordar de nós. Valeu cara! Você é demais!

Luiz, como diz a canção: amigo de fé meu irmão camarada
Um tanto dengoso, teimoso, cuidadoso e amoroso
Impossível afirmar que não me deixou mimada
Zangava, mas também brincava, o cara era garboso e cheiroso
Imaginem! Em tudo que falava transmitia paz
Não se pode negar, conforme diz talvez eu assim o fiz,
Homem de percepção e autoridade eficaz
Oh papai, você me ensinou como se é feliz! - 25/08/87

Quando olho para o passado celebro nossa história e reconheço a riqueza de nossa identidade. O bom de lembrá-lo é que olhamos para o presente com mais ternura. Papai foi um grande pai. Nunca economizou em carinho, atenção, simplicidade, sabedoria, respeito, companheirismo, amor.

Bom tipo meu velho!

Mi – Cps, 18/11/93 – 04:12hs. - HBP