Nesta época eu tinha uns quatro ou cinco anos e as amiguinhas gêmeas Raquel e Regina, talvez fôssemos da mesma idade. As meninas me acolheram, dividiam seus brinquedos, passeios, festas e seu mundo bem diferente do meu. Moravam na “fazendinha” casarão com jardim, lago, pomar dentre as frutas manga bourbon, pasto de ovelhas, cavalos e etc. Lembro que ficávamos atentas ao horário dos filmes do CHAPLIN, para nós era comédia e o bom é que não entendíamos nada sobre isso. Aos dez anos já estava bastante distante das garotas, férias eu passava ora na Tia Maria em Itu, ora com Ivani no Rio. Certa vez encontramos os pais das gêmeas em NS de Copacabana. Perguntei por elas, mas não estavam na viagem. Anos depois mudamos de bairro e nunca mais soube da família. Não faz muito tempo minhas irmãs e eu almoçávamos no PapAçorda-Leblon quando chegou Maria Helena. Conversa vai conversa vem, lá pelas tantas a moça disse ter conhecido no colégio, duas irmãs gêmeas da mesma cidade minha e que perderam contato. Chequei nomes de pais, irmão, conclusão: as próprias! Fiquei de procurá-las e o fiz pelas redes sociais e com pessoas conhecidas, mas ainda não as encontrei. Na verdade é só permear minha infância para que as meninas estejam.
“A infância é medida pelos sons, aromas e cenas antes de surgir a hora sombria da razão.”
Jonh Betjeman
Não é que a música cheira minha infância!
Ok! Vamos nas observância:
Não morávamos em sítio grande.
Mas, numa gleba curtida bastante.
Não tínhamos mangueirão.
Mas, o imponente abacateirão.
Não tínhamos carro de boi nem bois.
Mas, charrete e égua. Potro? Dois.
Não tínhamos por perto ribeirão.
Mas, minas e uma pequena Estação.
Não precisávamos ir à vila.
Morávamos numa rente a venda, todavia.
Não tínhamos grande figueira.
Mas, a espinhenta e florida paineira.
Não virou o nosso quintal criadouro bovino
Mas empresa de concreto, assim quis o destino.
Enfim declarado... Casa descaracterizada
Abacateiro cortado. Estaçãozinha saqueada.
Fato consumado. Lá se foi meu reino encantado!
A antiga casa
modificou, original só
a paineira restou.
Lugar do verde abacateiro caminhão amarelo ficou.
Na cocheira da cigana galpão se instalou.
Pasmem, mas até o bairro de nome mudou!
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Em prosa e verso
na historia acontecida
narrei saudades de minha infância querida