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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Formação cultural

Uma das formações culturais
Contar e ouvir histórias é fundamental na formação da imaginação, da percepsão e da expressão da língua. Conforme Drummond antes de escrever é melhor que convivamos muito tempo com as histórias.


● Parlendas
São versinhos com temática infantil que são recitados em brincadeiras de crianças. De rima fácil, por isso, são populares entre as crianças. Usadas também em jogos para melhorar o relacionamento entre os participantes ou apenas por diversão. Muitas parlendas são antigas, outras foram criadas há décadas. Elas fazem parte do folclore brasileiro, pois representam uma importante tradição cultural do nosso povo.


Alguns exemplos de parlendas:
Um, dois, feijão com arroz. Três, quatro, feijão no prato. Cinco, seis, chegou minha vez
Sete, oito, comer biscoito. Nove, dez, comer pastéis.
Serra, serra, serrador! Serra o papo do vovô! Quantas tábuas já serrou?
(Uma delas diz um número e as duas, sem soltarem as mãos, dão um giro completo com os braços, num movimento gracioso. Repetem os giros até completar o número dito por uma das crianças.)
Um elefante carrega muita gente...
Dois elefantes... carrega carrega muito mais...
Três elefantes... carrega carrega carrega muita gente...
Quatro elefantes carrega carrega carrega carrega muito mais... (continuar contando...)
►- Enganei um bobo... Na casca do ovo!
►Cantar apontando os cinco dedos:
Mindinho. Seu vizinho. Pai de todos. Fura-bolos. Mata-piolhos.
Rei, capitão, soldado, ladrão. Moça bonita. Do meu coração.

● Palíndromo é uma palavra, frase ou número que pode ser lida tanto da direita para a esquerda como da esquerda para a direita. Num palíndromo, normalmente são desconsiderados os sinais ortográficos (diacríticos ou de pontuação), assim como o espaços entre palavras.
►A palavra "palíndromo" vem das palavras gregas palin ("para trás") e dromos ("corrida, pista").
Rômulo Marinho, veterano palindromista brasileiro, propõe classificar os palíndromos em:
Expliciti - trazem sempre uma mensagem direta, clara e inteligível, como "Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos” (palíndromo de autoria anônima, provavelmente o mais conhecido em língua portuguesa).
Interpretabiles - têm coerência, mas requerem esforço intelectual do leitor para serem entendidos, como "A Rita, sobre vovô, verbos atira."
Insensati - cuidam apenas de juntar letras ou palavras sem se preocupar com o sentido, como "Olé! Maracujá, caju, caramelo."
As frases formando um palíndromo também são chamadas de anacíclicas, do grego anakúklein, significando que volta em sentido inverso, que refaz inversamente o ciclo.
Escrever literatura em palíndromos é um exemplo de escrita constrangida.
►Com a expressão Quadrado Sator designa-se uma estrutura com forma de quadrado mágico composta por cinco palavras latinas: SATOR, AREPO, TENET, OPERA, ROTAS, que, consideradas em conjunto (da esquerda para a direita ou de cima para baixo), dão lugar a um palíndromo.
Exemplos de frases
- "Socorram-me, subi no onibus em Marrocos"
- "Anotaram a data da maratona"
- "Assim a aia a missa"
- "A droga da gorda"
- "A mala nada na lama"
- "A torre da derrota"
 
● Parábola, do grego parabole, significa narrativa curta ou apólogo. Erroneamente definida como fábula. Sua característica é ser protagonizada por seres humanos e possuir sempre uma razão moral que pode ser tanto implicita como explícita.
Ao longo dos tempos utilizada para ilustrar lições de ética por vias simbólicas ou indiretas.
Sinteticamente: narração figurativa na qual, por meio de comparação, o conjunto dos elementos evoca outras realidades, tanto fantásticas, quando reais.
Histórias extraídas da vida cotidiana utilizadas por Jesus Cristo para ensinar aos seus discípulos. Segundo Marcos 4, versos 11-12, eram utilizadas por Jesus para que somente seus discípulos as entendessem plenamente. Este genêro já era utilizado por muitos profetas antigos.


Um exemplo sobre comodidade e conformismo - O tigre
Um homem vinha caminhando pela floresta, quando viu uma raposa que perdera as pernas. Perguntou-se como ela faria para sobreviver. Viu, então, um tigre aproximando-se com um animal abatido na boca. O tigre saciou a própria fome e deixou o resto da presa para a raposa.
No dia seguinte, o tigre alimentou a raposa novamente. O homem maravilhou-se com a grandiosidade de Deus, que usava o tigre para ajudar outro animal. Disse a si mesmo: “Também eu irei me recolher em um canto, com plena confiança em Deus. E ele há de prover tudo de que eu precisar.”
Assim fez. Mas, durante muitos dias, nada aconteceu. Estava já quase às portas da morte, quando ouviu uma voz:
- Ó, tu que estás no caminho do erro, abre os olhos para a verdade! Segue o exemplo do tigre e pára de imitar a raposa aleijada.
Parábola extraída do livro AS MAIS BELAS PARÁBOLAS DE TODOS OS TEMPOS - Volume 2, Alexandre Rangel, Editora Leitura


Outro exemplo referente o quanto valemos nós. Quanto você vale? - O Anel
- Venho aqui, professor, porque me sinto tão pouca coisa, que não tenho forças para fazer nada. Dizem-me que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem mais?
O professor, sem olhá-lo, disse:
- Sinto muito meu jovem, mas não posso te ajudar, devo primeiro resolver o meu próprio problema. Talvez depois.
E fazendo uma pausa, falou:
- Se você me ajudasse, eu poderia resolver este problema com mais rapidez e depois talvez possa te ajudar.
- C...claro, professor, gaguejou o jovem, que se sentiu outra vez desvalorizado e hesitou em ajudar seu professor. O professor tirou um anel que usava no dedo pequeno e deu ao garoto e disse:
- Monte no cavalo e vá até o mercado. Devo vender esse anel porque
tenho que pagar uma dívida. É preciso que obtenhas pelo anel o máximo possível, mas não aceite menos que uma moeda de ouro. Vá e volte com a moeda o mais rápido possível.
O jovem pegou o anel e partiu. Mal chegou ao mercado, começou a oferecer o anel aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, até quando o jovem dizia o quanto pretendia pelo anel. Quando o jovem mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saíam sem ao menos olhar para ele, mas só um velhinho foi amável a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel. Tentando ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma xícara de cobre, mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro e recusava as ofertas.
Depois de oferecer a jóia a todos que passaram pelo mercado, abatido pelo fracasso montou no cavalo e voltou. O jovem desejou ter uma moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o anel, assim livrando a preocupação e seu professor e assim podendo receber ajuda e conselhos. Entrou na casa e disse:
- Professor, sinto muito, mas é impossível conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir 2 ou 3 moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel.
- Importante o que disse, meu jovem, contestou sorridente o mestre. - Devemos saber primeiro o valor do anel. Volte a montar no cavalo e vá até o joalheiro. Quem melhor para saber o valor exato do anel? Diga que quer vendê-lo e pergunte quanto ele te dá por ele. Mas não importa o quanto ele te ofereça, não o venda. Volte aqui com meu anel.
O jovem foi até o joalheiro e lhe deu o anel para examinar. O joalheiro examinou-o com uma lupa, pesou-o e disse:
- Diga ao seu professor, se ele quiser vender agora, não posso dar mais que 58 moedas de ouro pelo anel.
O jovem, surpreso, exclamou:
- 58 MOEDAS DE OURO!!!
- Sim, replicou o joalheiro, eu sei que com tempo poderia oferecer cerca de 70 moedas , mas se a venda é urgente...
O jovem correu emocionado para a casa do professor para contar o que ocorreu.
- Sente-se, disse o professor, e depois de ouvir tudo que o jovem lhe contou, disse:
- Você é como esse anel, uma jóia valiosa e única. E que só pode ser avaliada por um expert. Pensava que qualquer um podia descobrir o seu verdadeiro valor???
E dizendo isso voltou a colocar o anel no dedo.
- Todos somos como esta jóia. Valiosos e únicos e andamos pelos mercados da vida pretendendo que pessoas inexperientes nos valorizem. (Autor desconhecido)
Coletâneas - http://is.gd/cKBao
 
● Metáfora - Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a palavra deriva do latim metaphòra (metáfora), por sua vez trazido do grego metaphorá ("mudança, transposição"). O prefixo met(a) tem sentido de "no meio de, entre; atrás, em seguida, depois". O sufixo -fora (em grego phorá) designa 'ação de levar, de carregar à frente'. Metáfora é o emprego da palavra, fora do seu sentido normal, ou seja, um sentido figurado. É uma figura de linguagem, ou uma figura de estilo (ou tropo linguístico), que consiste na comparação de dois termos sem o uso de um conectivo.
Ex. "Amor é fogo que arde sem se ver" Luís de Camões
O termo fogo mantém seu sentido próprio - desenvolvimento simultâneo de calor e luz, que é produto da combustão de matérias inflamáveis, como, por exemplo, o carvão - e possui sentidos figurados - fervor, paixão, excitação, sofrimento etc.
Didaticamente, pode-se considerá-la como uma comparação que não usa conectivo (por exemplo, "como"), mas que apresenta de forma literal uma equivalência que é apenas figurada.
Meu coração é um balde despejadoFernando Pessoa


Relação com outras figuras de linguagem
Enquanto a metáfora trabalha com os traços semânticos comuns entre duas idéias, a metonímia trabalha com a relação de contigüidade entre elas.
Pedindo auxílio à teoria dos conjuntos, como fez Othon Moacyr Garcia em seu clássico "Comunicação em Prosa Moderna", percebe-se que os traços de significados das duas idéias comparadas entram em intersecção na metáfora.
Por exemplo (e subjetivamente), um gato é um quadrúpede, mamífero, felino, que mia e é considerado sensual. Um moço é bípede, mamífero, humano, fala e pode ser sensual. Ao compararmos os dois com a metáfora "Esse moço é um gato", o traço de significado que provavelmente estaremos colocando em intersecção é apenas o traço sensual.


Já na metonímia, as duas idéias não se superpõem como na metáfora, mas estão relacionadas por contigüidade, proximidade. Ex:
As expressões metonímias:
1- "Sem-teto" - O termo teto está em relação de contigüidade com o resto da habitação. É uma das suas partes, e na expressão substitui o todo "habitação". (Um sem-teto geralmente também não tem o restante da habitação - a porta, as janelas, as paredes, o chão.)
2- "Tomou o copo todo" - O termo copo normalmente contém alguma bebida e é usado no lugar da bebida que contém. (Ninguém consegue beber o copo)
3- "Adoro o Veríssimo" - O termo Veríssimo é usado no lugar dos livros e crônicas do autor. (A pessoa gosta dos textos do autor, independentemente de conhecê-lo pessoalmente e gostar dele).


Diferente da Metonímia, outras figuras de linguagens como a Personificação e a Hipérbole mantêm com a Metáfora uma relação de união semântica, não podendo assim ser totalmente dissociada uma da outra. É como se tais figuras fossem “metáforas especiais”.


Se observarmos a frase:
- “ Neste dia ensolarado, o mar me convida ao seu encontro e as ondas querem me abraçar
Temos a Metáfora na comparação sem o conectivo: O dia está tão lindo e o mar tão bom que é “como se” ele me convidasse para o mergulho e ondas estão tão movimentadas que “parecem” querer me abraçar.
Também de maneira simultânea, a Personificação, uma vez que “convidar” e “abraçar” são ações próprias de pessoas e não de seres inanimados como o mar ou as ondas.


Expressão com Hipérbole:
- “ Chorei um rio de lágrimas”. Temos a Metáfora na comparação sem o conectivo: O choro era tão intenso e as lágrimas tantas que “ era como se fossem iguais” às águas de um rio. Temos também e de maneira simultânea, a Hipérbole, ora, não se pode alguém chorar um rio de lágrimas, por essa ser uma quantidade de lágrimas impossilvel de alguém chorar. Registra-se aí, nitidamente o modo exagerado de se expressar.


Nem sempre a Metáfora será uma Personificação ou Hipérbole (“A minha pequena é uma flor” entenda-se aí uma "metáfora pura": ela tão delicada, bonita, cheirosa “quanto uma flor é”), mas muito frequentemente o contrário se confirma: a Personificação ou Hipérbole serão também Metáforas. Assim como também outras figuras de linguagem consideradas semânticas como dentre outras, a Catacrese, e a Sinestesia.


Outros exemplos:
O fogo dançava com a chuva” ( Metáfora = Personificação)
A lua roubara todo o seu brilho, naquela noite” (Metáfora = Personificação)
Eles morreram de rir com a peça”. (Metáfora = Hipérbole)
Choveu mais de meia hora sem para, foi um dilúvio!” (Metáfora = Hipérbole)


Metáfora na Computação
“O Virtual - U sugere que a metáfora dos espaços é necessária para fornecer uma idéia de lugar, a qual representará um modelo intelectual útil e facilitador da navegação por parte do usuário” [Harasim]


Exemplos de alguns sites que apresentam:
- "sala" para bate-papo,
- "mural" para recados, dentre outras metáforas.


Outros exemplos:
"Eu sou um poço de dor e amargura".
"Sou um cachorro sem sentimentos".
"Seus olhos são dois oceanos".
"Meu pensamento é um rio subterrâneo". (Fernando Pessoa)
"Cada fruto desta árvore é um pingo de ouro".


Entendendo metáforas - http://is.gd/cKBqh

Mundo das metáforas - http://is.gd/cKBu9
● lengalenga é uma cantilena transmitida de geração em geração na qual se repetem determinadas palavras ou expressões.
1 - Conversa fiada, lorota, conversa para boi dormir. Enganação. Enrolação. Desculpa esfarrapada.
-Mas professora, eu juro que o cachorro comeu o meu dever de casa !!!
-Não me venha com esse lenga-lenga !
2 - Embromação, lento demais, indecisão.
- Ficou no lenga-lenga e perdeu um bom negócio.
3 - Conversa que não leva a nada; assunto que não terá qualquer objetivo.
- O bate papo é sem futuro, não leva a nada, é só lenga-lenga.
4 - Argumentação pouco credivel e vazia de conteúdo, habitualmente repetida.
- Veio-me contar a mesma lenga lenga do costume
5 - Devagar; mole ao excesso
- Não venha com essa lenga-lenga... Ou seja, devagar demais, mole demais, lento.
6 - Quando um indivíduo repete sempre a mesma estória, quem o conhece e está habituado a escutá-lo, tem por hábito de dizer:
- Opá não me venhas com essa "lenga-lenga"!
- Lá está o Dino a contar a "lenga-lenga" do costume!


Como jogar o lenga-lengahttp://is.gd/cKBzS