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terça-feira, 8 de junho de 2010

II - Cultura ou Barbárie?

Farra do boi
Multidão persegue um boi atormenta-o, colocando fogo em seus chifres, tortura-o até que morra. Uma “festa cultural”? Rituais selvagens, crueldade contra animais. Anualmente centenas de bois são torturados e mortos em mais de trinta comunidades de Santa Catarina. Em outros estados, a prática é duramente criticada. Frequentemente na Sexta-feira Santa. Proeminentes empresários, criadores de gado, cidadãos, donos de restaurantes, donos de hotéis e políticos, são os que doam os bois para a "festa".

Antes do evento o boi é confinado sem alimento disponível por vários dias. Para aumentar o desespero do animal, comida e água são colocados num local onde o boi possa ver, mas não possa alcançar. A Farra começa quando o boi é solto e perseguido pelos "farristas", que carregam pedaços de pau, facas,lanças de bambú, cordas, chicotes e pedras - homens, mulheres e crianças - e perseguem o boi que, no desespero de fugir, corre em direção ao mar e acaba se afogando.

Depois de Dias, o Alívio da Morte
Fontes da WSPA-Brazil (World Society for Protection of Animals ) afirmam ter visto o gado sendo torturado de diversas maneiras: animais banhados em gasolina e depois incendiados, pimenta jogada em seus olhos que, geralmente, são arrancados. Participantes quebram os cornos e patas do animal e cortam seus rabos.Os bois podem ser esfaqueados e espancados, mas há um certo "cuidado"para que o animal permaneça vivo até o final da "brincadeira". Essa tortura pode continuar por três dias ou mais. Finalmente o boi é morto e a carne é dividida entre os participantes.
Alguns dizem que é um ritual simbólico, uma encenação da Paixão de Cristo, onde o boi representaria Judas; outros acreditam que o animal representa Satanás e torturando o Diabo, as pessoas estariam se livrando dos pecados. Mas hoje em dia a Farra do Boi não tem nenhuma conotação religiosa. Para as pessoas que moram na área litorânea, onde a barbárie acontece, a Farra do Boi é apenas uma oportunidade pra se fazer uma festa e de se ganhar algum dinheiro extra, pois alguns moradores aproveitam para vender bebidas e petiscos para os participantes.

Pé de Lírio
É cultural a mulher ter pé pequeno, mesmo que às custas de deformá-lo? Cultura milenar da China onde as mulheres se mutilavam em função da "beleza" (Muito estranha, diga-se de passagem...). Mulheres conhecidas como pés pequenos ou pés de lírio quebravam quando jovens os ossos dos pés e os enfaixavam dobrando para dentro os dedos de modo que parassem de crescer. Sinônimo de graça e beleza nas antigas sociedades chinesas. A cultura da beleza mutiladora só foi abandonada após o ocaso da Dinastia Qing, no início do século passado. Fala-se muito hoje em dia das técnicas bizarras de "body modification", que é o costume de alterar radicalmente o corpo em busca de uma nova estética. Mas não pense que isto é uma loucura criada recentemente. Nos últimos mil anos, dois bilhões de mulheres chinesas fizeram algo que está muito distante do primitivismo "fashion" e chique dos piercings e tatuagens.
É cultura matar os filhos que têm alguma deformidade?
Caso da bebê ianomâmi em um hospital de Manaus criou uma crise institucional no Amazonas. Os pais da criança querem retirá-la do hospital e levá-la para a aldeia. A Justiça Estadual concedeu uma ordem para que a menina, vítima de hidrocefalia (condição na qual há líquido cérebro-espinhal em excesso ao redor do cérebro e da medula espinhal), permaneça no hospital até ter alta. De outro lado, a Funai ameaça recorrer da decisão para garantir os direitos dos pais da menina. E em meio a tudo isso está o Conselho Tutelar, que teme que a criança seja sacrificada pelos pais quando retornar à aldeia, como parte de um ritual da etnia.

Em todos estes casos e muitos outros, a cultura serve de pano de fundo para atos desumanos.
Mesmo que seja cultural simplesmente o fato não é agradável, o respeito à cultura tem limite.

Mi, Cps 08/06/10