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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

MEDÉIA e JASÃO

Amor, traição e vingança
Medeia filha de Eetes, rei da Cólquida (hoje Geórgia) que possuía o velocíno de ouro (carneiro alado com lã de ouro chamado Crisómalo) e o mantinha guardado por um dragão.
Jasão filho de Esão, rei de Iolco, na antiga Tessália. Dos heróis da mitologia grega, sua figura valente e volúvel é das que apresentam maior ambigüidade (dupla interpretação).

Pélias, irmão do rei Esão, privou-o de seu trono e Jasão, ainda menino, educado longe da corte pelo Centauro Quíron (Quirão), aos 20 anos, retorna a Iolco para reclamar o seu trono então Pélias disse que daria se ele trouxesse para si o velocíno de ouro.

Missão impossível, mas Jasão aceitou. Construiu então o Argos (navio) e embarcou com um grupo de heróis, entre eles entavam Hércules, Castor, Pólux, Orfeu e muitos outros, os chamados argonautas e foram para Cólquida.

Chegando lá, Eetes pai de Medeia promete dar o velo dourado, com uma condição: - Jasão teria de lavrar um campo com dois touros monstruosos e indomados, de cascos de bronze e que expeliam fogo pelas narinas, que ganhou de Hefesto. Em seguida semearia no campo lavrado, dentes de um dragão que Cadmo matou em tempos passados.

Segundo alguns relatos, Hera, como protetora de Jasão, convenceu Eros e Afrodite a providenciarem que Medeia (conhecedora dos segredos de todas as artes ocultas, afeiçoada ao herói e sobretudo as pretensões de seu pai) se apaixonasse por Jasão.

Medeia e Jasão fazem um pacto ela o ajuda, depois eles se casam e a leva consigo no caminho de volta a Iolcos. Medeia oferece, então, ao estrangeiro argonauta, um unguento para usar no corpo e no seu escudo, tornando-o invulnerável ao fogo e ao ferro durante um dia - o suficiente para enfrentar os touros e lavrar o campo (começa aqui a agricultura).

Adverte-o também de que dos dentes de dragão nascerá uma seara de soldados que se virarão contra ele e que o tentarão matar. Contudo, Medeia, conhecedora da história de Cadmo, dá-lhe a simples solução para o problema: basta lançar uma pedra, de longe, para o meio desse exército erguido da terra. Os soldados entrariam em discussão sobre quem atirara a pedra e matar-se-iam uns aos outros. (começo da civilização).

Com tais conselhos, Jasão executou as tarefas com facilidade e voltou a reclamar o velo de ouro a Eetes. O Rei da Cólquida furioso, resiste e tenta frustar de novo os intentos de Jasão, querendo incendiar a nau Argo, além de pretender matar a sua tripulação.

Medeia ajuda Jasão a adormecer o dragão que guardava o velo de ouro com narcóticos e avisa-o dos planos do pai. Depois de numerosas peripécias, Jasão com a ajuda da maga Medeia, conseguiu apoderar-se do tosão.

Quando partem, Medeia revela pela primeira vez seu lado cruel. Ao levar consigo Apsirto, seu irmão, sabendo que seu pai não tardaria no seu encalço, para atrasá-lo, mata o irmão e despedaça-o, dispersando os restos mortais pelo caminho, porque o pai recolheria cada pedaço para lhe dar a sepultura devida.

Zeus fica irado com o crime e afasta a expedição da sua rota. Então, é a própria nau, Argo, onde seguem que ganha o dom da fala e que os informa que terão de ser ritualmente purificados do crime cometido contra Apsirto junto de Circe, tia de Medeia (filha de Helios - o Sol, tal como o seu pai). Por isso, param algum tempo junto da feiticeira que os purifica, mas não aceita a permanência de Jasão no seu território.

Hera, mulher de Zeus, a dispor o destino de Jasão em direção à Cólquida, para que este trouxesse consigo Medeia, a mulher certa para levar Pélias à morte.

Jasão com a lã dourada
Com a chegada de Medeia e Jasão, o tirano recusa-se a largar o poder. O fato de ter atentado contra a vida de Jasão ao enviá-lo na demanda do velo de ouro, faz com que Medeia use das artes ocultas e de alguma astúcia. Fazendo-se amiga das filhas do rei, diz-lhes que é capaz de rejuvenescer quem ela quiser.

Para o provar, mandou esquartejar um carneiro velho e colocou-o dentro de um caldeirão com uma poção fervente. Em seguida, retirou o animal, inteiro e de bastante boa saúde. (Alguns autores sustentam que fez a prova com Ésão, o próprio pai de Jasão, o que lhe dava ainda mais crédito).

As raparigas, excitadas, correram a esquartejar o pai e lançar os seus pedaços dentro do caldeirão. Obviamente, não saiu de lá com vida. Depois deste incidente macabro, Medeia fugiu com o seu amado para Corinto, onde viveram dez anos e tiveram filhos.

Em Corinto, a felicidade de Medeia foi de curta duração. Já com filhos de Jasão, foi alvo da intriga do rei Creonte que influenciou Jasão a deixá-la, para casá-lo com a sua filha, Creúsa (ou Glauce).

Medeia, antes de abandonar a cidade, conseguiu vingar-se. Com magia, fez chegar às mãos de Creúsa um vestido e jóias, presente envenenado, cada acessório estava embebido numa poção secreta. Assim que a sua rival se vestiu, sentiu o seu corpo invadido de um fogo misterioso que logo se espalhou para o seu pai, que a tentou socorrer, bem como para todo o palácio - episódio este que tem semelhanças com a morte de Héracles, por obra de Nesso.

Alguns narradores contam que Medeia, em fuga, não teve possibilidade de levar consigo os filhos que, perante a negligência de Jasão, foram apedrejados até à morte pela família de Creonte, como vingança.

A versão mais conhecida é de Eurípides, na sua tragédia Medeia, apresentada pela primeira vez em 431 a.C.. Aqui a própria Medeia mata os filhos (filhocídios), estrangulou-os só para causar enorme sofrimento a Jasão, antes de fugir para Atenas, não num acesso de loucura, mas num ato de fria e premeditada vingança em relação ao marido infiel, dá-se também o (infantocídio).

Eurípides foi, acusado de ceder perante um elevado suborno de cidadãos Coríntios que preferiam uma versão onde não fosse o povo da cidade a cometer o infanticídio.

Medeia fugiu para Atenas e casa com o Rei Egeu. Eles tiveram um filho, Medo. Mas, Egeu, rei de Atenas, não sabia que já tinha um filho com Etra, filha do sábio Piteu, rei de Trezena, chamado Teseu que estava fora, quando ele volta, Medéia tenta envenená-lo, mas Egeu descobre que Teseu era seu filho e impede o assassinato.

Medéia e Medo voltam para a Cólquida, e descobrem que Eetes fora deposto por seu irmão Perses. Mãe e filho matam Perses, e Medo se torna rei. Quando Medo conquista um grande território, passa a se chamar Média.

Sua lenda serviu de tema a obras artísticas e literárias de todos os tempos, das quais a mais conhecida é a tragédia Medeia - de Eurípides.

Mi Cps 31/08/10