Como que os fracos não têm vez? E a arte de aprender com os erros, onde fica?
A sociedade de hoje está tão complicada de entender que mesmo sem perceber as pessoas voltam ao passado para tentar compreender o que acontece hoje.
Sabemos que o Brasil originou-se de uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte completamente corrupta. Mas como a história pode nos ajudar a entender a sociedade de hoje tão conturbada e demasiadamente hipócrita.
Conforme a história D.Maria era louca, D.João inseguro, eles não escondiam suas fraquezas e até delegavam poderes. Quanto à sociedade de hoje nos ensina a esconder fraqueza alegando ser sinônimo de futuros fracassos. Dentre as pessoas cujos poderes eram delegados contamos com D. Rodrigo Coutinho, ele quem orientou a vinda da corte para cá; Conde Barca que trouxe para o Brasil a imprensa, a cultura e as artes (o país foi transformado no que é hoje pela sábia decisão de um medroso). Poderia ser diferente? Poderia. Mas contamos com o que somos hoje.
A Teologia nos diz que Jesus escolheu para amigos dentro de uma sociedade arcaica, só os piores, os fracos, ou seja, mulheres, ladrões, prostitutas, pobres e etc. A sociedade hoje nos diz repetitivamente que devemos ser e preferir os fortes. Erros e acertos fazem parte da condição humana, e a grande virtude é a capacidade de reconhecermos nossas deficiências e delegarmos poderes caso seja necessário as pessoas capacitadas, não temos que saber tudo, só o mínimo para entender que precisamos de ajuda, sem que a sociedade faça disso uma enorme manchete, nos levando para um tremendo e total constrangimento, sem se importar que só para aquele determinado assunto é que não nos saímos muito bem.Qual é o problema disso? Sendo que em outros milhares de assuntos podemos ser grandiosos. Quando erramos estamos adquirindo experiências, aliás, erros são grandes aliados para o aprendizado esta é a lógica. Sejamos humildes e lembremos que sábios erram e estes foram transformados em oportunidades de sucessos:
- Thomas Edson o inventor da lâmpada foi convidado por seu patrocinador a interromper suas experiências, mas ele respondeu que já conhecia muitas maneiras de como não fazer uma lâmpada e chamava de testes seus erros. Acreditava que errar era a possibilidade de acertar na próxima tentativa. E por que não podemos errar?
- A 3M conta que um jovem assistente de laboratório que no ano de 1953, acidentalmente descobriu um produto fluorquímico ao deixar cair algumas gotas de um composto experimental sobre seus tênis. Na tentativa de limpá-los, percebeu que os efeitos do sabão, do álcool e outros solventes não surtiam. Dois anos depois, surgia no mercado o primeiro protetor scotchgardmr com base no alto poder de repelir até mesmo outras substâncias. Quando erramos logo damos um jeito de arrumar, muitas coisas aprendemos por nós mesmo através de nossas experiências que não é outra coisa a não ser processo natural de aprendizagem.
Ao observarmos nossos erros, nos atentamos para não errarmos de novo. É como andar de bicicleta, por exemplo.
Jean Piaget, psicólogo e filosofo suíço, pioneiro no campo da inteligência infantil, ensina que ao observarmos atentamente como se desenvolve o conhecimento nas crianças, seremos capazes de compreender melhor a natureza do conhecimento humano. Cada ser humano constrói o seu conhecimento, isto se faz ao longo do processo de desenvolvimento e o erro é um componente poderoso. Para este gênio, as crianças estão constantemente testando suas próprias teorias com relação ao mundo. Razão pela quais as respostas que este dá a cada uma de suas ações são de extrema importância. Por ter suas teorias particulares no que diz respeito ao mundo e ao testar alguma delas, a criança censurada sem receber a devida explicação não será capaz de entender o porquê sua teoria é considerada um erro e o porquê não é verdadeira. Quando um fato como este acontece, a criança passa a ter medo de testar novas experiências. Como conseqüência terá o bloqueio da criatividade e a perda da motivação. A criança passa a ter medo de errar, internaliza este sentimento e o levará para o resto de sua vida.
E quando gente grande erra? A sociedade possui péssimo vício de condenar quando erramos, não tolera jamais. Devemos mudar as nossas maneiras de pensar a partir de que errando é que se aprende, assim torna-se interessante lutar contra nossas próprias limitações, e que também podemos aprender com o erro de outras pessoas.
A perseverança, a vontade de ver e fazer acontecer, a curiosidade, a humildade, a necessidade, a esperteza, a sabedoria, inovar (fazer diferente o que já foi feito), acreditar e perceber o que e em que errou servirá como instrumentos para evitar um futuro erro.
Não existe idade para errar ou aprender, a evolução faz parte da espécie humana, mesmo que o erro tenha nos trazido conseqüências dolorosas (erramos também nas atitudes, nas escolhas...).
Mas, o conhecimento adquirido ao corrigir o erro ou aceitá-lo como condição servirá como combustível (elemento essencial) para o motor da aprendizagem (conhecimento). Não há nada mais estimulante do que aprender com o erro, pois se adquiri todo um processo na procura de soluções e respostas, o que nada vale quando trazida por outra pessoa.
Devemos viver a nossa própria experiência.
Mi – Cps, 03/03/09