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sábado, 17 de abril de 2010

Sobre Martin Buber

Foi um dos mais importantes filósofos judeus do século XX. Era também teólogo escritor, pedagogo e o tradutor da Bíblia para o alemão. Tal era o poder de sua palavra escrita e oral. Suas respostas eram vistas como as de uma autoridade que estava acima das ideologias da época.

Influenciado por Kant e Nietzsche desde pequeno e, mais tarde, por Achad Ha’Am, acabou abandonando grande parte das influências nietzschianas, mas carregou seu estilo profético de escrita por muito tempo. Buber era um sionista (amantes de Sion – antigo nome de Jerusalém) utópico.

Vamos descobrir o lado humano do nosso adversário, e que o encontro com o outro, com os estranhos, e especialmente com os nossos inimigos, possa despertar sentimentos indesejados (como empatia) em nós”.
O “eu” que procuras “tu” pode ser “nós”. Ser um nós, é reconhecer a responsabilidade que constitui a face ética do diálogo, e entender que somente os que são capazes de dizer um ao outro: tu podes dizer um com o outro: nós.
Embora traçados por caminhos independentes, a respeito do constituir-se pessoa, Buber identifica um itinerário de crescimento no sentido da pessoa atingir a autenticidade e o destino humano e essa mesma contribuição autêntica, se dirigida ao absoluto a partir de cada condição limitada, possibilita a realização da pessoa de modo que a história cósmica dá mais um passo em relação ao seu sentido de ser.
Por outro lado, Buber faz uma filosofia existencial que para chegar a falar do homem enquanto tal se contrapõe ao essencialismo, afirmando se ocupar “de ti e de mim, da nossa vida e do nosso mundo e não de um Eu em si ou de um ser em si”.
Pergunta “Onde você está nesse caminho que deve percorrer ao longo de sua vida?”, provocando a pessoa a um decisivo retorno a si mesmo, isto é, um reconhecimento de uma inautenticidade e de uma responsabilidade para com a própria existência.
A matéria animada humana é unidade de corpo e alma. A alma que a caracteriza, alma intelectiva é espírito: tem existência própria e superior à do corpo: percebe o que acontece e o que acontecerá a ele, o governa e substancia o corpo de si mesma. A alma intelectiva deve constituir, formar e governar a si mesma e contemporaneamente construir um mundo no qual ela possa viver e operar: seu ambiente é um mundo espiritual. Também esta alma precisa de material constitutivo, de natureza espiritual. O ânimo (conjunto de afetos e sentimentos) percebe o valor dos objetos e assim os absorve ou não utilizando sentidos e intelecto.
Assimilando material constitutivo espiritual a alma cresce se enriquece, se amplia e ao mesmo tempo cresce o mundo que ela explora discernindo. Quando acontece assim, pode-se falar em educação. Nela há formação do ânimo e formação da pessoa inteira, do homem uno, corpo e alma. No caso do homem, o elemento de vida espiritual contido num objeto cultural (produzido pelo espírito humano) é apreendido pela alma e ganha vida naquele relacionamento.
A pessoa se encontra num mundo de pessoas e de bens espirituais pelos qual a vida flui a ela. Mas cabe a cada um decidir sobre o funcionamento do intelecto, quanto e como ampliar o mundo espiritual, o quê dos elementos culturais acolherem em si mesmo.
O intelecto pode ser passivo (absorvendo sem tornar próprio) ou ativo (elaborando a riqueza espiritual, pelo instrumento da vontade).
A alma, no seu íntimo, por ser profundamente associada ao corpo, opera regeneração e fluxo de energia – não por efeito de bens espirituais do mundo externo, mas por um princípio formativo.
Além de receber e crescer, a alma humana tem condições também de organizar o que vai assumindo e se estruturar, se formar, fazer de si uma forma e com-formar-se a uma imagem e intervir no modo formativo do mundo externo.
Se a alma se forma assim, resulta harmonicamente formada e há quietude, limpidez, paz. Com a nutrição espiritual ela assume o estímulo à ação: sente-se levada a fazer com que a própria essência, aquela que interiormente a plasma, demonstre a própria eficácia no exterior, em atos e obras que a testemunhem: é uma parte essencial da personalidade. (Pode-se treinar dotes práticos e criativos, traduzidos em habilidades concretas, para orientando as ações para o externo, possibilitando essa finalidade). Aqui, então, forças exteriores e interiores cooperam juntas para a formação.
Assim, auto-educação só pode ser entendida no sentido de a própria pessoa colocar em ação as forças a serem amestradas, sem, no entanto, excluir a participação de outros, pois a educação não pode depender somente de quem é educado.
Para todo esse processo é necessário um bom material e que seja acessível para a pessoa. Sem material formativo adequado a ela não pode acontecer a formação para a qual, por natureza, ela é dotada. O ser humano é confiado a outros seres humanos que podem e devem levar a ele materiais dos quais sua formação necessita.
Não há material formativo tomado do âmbito cultural ou pessoal de algum educador que possa mudar a natureza de um ser humano: pode somente contribuir a fazer com que ele tome uma ou outra característica dentre suas possíveis direções no processo de formação. O processo evolutivo depende de uma integração de múltiplos fatores externos, internos e do livre arbítrio das pessoas: seu êxito é imperscrutável.
Em “O intelecto e os intelectuais” Edith Stein (1931/2003) afirma que quanto mais nos elevamos no trabalho intelectual, mais participamos da comunidade humana; e que aquele que chega essa completude, ainda que não ocupe cargos políticos, torna-se guia para seu povo e para a humanidade. Estamos diante de dois grandes guias. Cabe a nós, agora, acolher a provocação à autenticidade de tão grandes testemunhos de vida oferecida e realizada. Cabe a cada um de nós acolher com certeza racional algo do Mistério que chega a nos tocar pela produção intelectual, pela força espiritual e pela vida oferecida.
por Martin Buber e Edith Stein.
Martin Buber morreu em Jerusalém a 13 de junho de 1965.
Fonte: http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/artigos08/mahfoud02.htm
Fonte: http://www.existencialismo.org.br/jornalexistencial/artigos.html

È mais ou menos assim:Duas pessoas se aproximam (Tu e eu – conforme o texto)
Você tem uma porção a dar e eu tenho uma porção a receber (formamos o nós).
Ao falar ao Outro, há troca entre quem expressa e quem recebe, ocorrendo uma interação entre as pessoas considerando a importância do que está sendo dito e a quem está sendo dito.
Este tipo de diálogo só é possível no encontro, e depende da mutualidade, da troca, como fala possível à descoberta do Outro.
Buber considera essencial para a relação, a experiência de receber a palavra, a postura de escuta do ser do Outro e, por conseqüência, a reciprocidade. Considerando as pessoas envolvidas no que está sendo dito e o significado que uma tem para a outra, pode-se observar o quanto a responsabilidade está presente e mostra-se fundamental nessa relação.
Dá-se aí a empatia (percepção inconsciente da fonte inesgotável de energia), e essa porção que eu tenho a receber é imprescindível para minha existência, então logo me aproximo e toco em você de alguma forma, não posso perder a oportunidade que me foi dada, quero ficar sempre perto para poder me saciar (eu reconheço a fonte nutritiva que me é tão necessária para sobreviver). Porém materialmente falando eu não sei nada disso, só sinto.

Pessoas defrontam-se com uma situação paradoxal: Sente-se perdida na massa, abandonada em sua solidão e ao mesmo tempo tomada pela esperança, por vezes indescritível e inefável, de realizar aquilo de que é ela o única capaz de saber a mais intensa das comunicações: a relação.

Do contrário forma-se a antipatia (aquilo que eu não quero de jeito nenhum).
O “tu” tem para dar e precisa se desfazer e o “eu” foge sem formar o “nós”
Não é verdade? tem pessoas que não queremos nem ficar perto, nos passam coisas ruins. Logo no primeiro encontro já falamos logo, - não fui com a cara dela.
Então temos que trabalhar com este sentimento dentro de nós, temos que ter equilíbrio para mudar a maneira que a olhamos. E é um desafio que temos que vencer.

E assim é a humanidade.Mi - Cps 02/11/07 - Palestra:Fábio/ Pe. Léo pesquisar