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sexta-feira, 16 de abril de 2010

O MUNDO DE SOFIA

A FILOSOFIA ATRAVÉS DE JOSTEIN GAARDER – 1991

SOFIA
significa sabedoria. Os gregos chamavam de sofistas aqueles que buscavam a sabedoria, o conhecimento sobre os assuntos cotidianos e não cotidianos.

Relata-me a evolução da filosofia ao longo do tempo através das respostas dadas dos grandes filósofos que sempre afligiram o mundo e faz com que tudo aquilo que me rodeia não seja indiferente:
- A capacidade de me surpreender é a única coisa de que preciso para me tornar boa filósofa.
- Não quero pertencer à categoria dos apáticos e dos indiferentes.
- Quero poder viver a minha vida de forma consciente.
"Quem sou?", "De onde vem o mundo?", "Haverá uma vontade e um sentido por detrás daquilo que acontece?", estas são algumas das perguntas colocadas e a partir daí segui o rumo da história dos homens e o evoluir da mentalidade e do pensar filosófico. Conheci Sócrates, Aristóteles, Descartes, Spinoza, Kant, Hegel, Marx, Freud, entre muitos outros.
Tenho idéia de que também faço parte de um grande mistério e tenho consciência de participar de um enigma e procuro explicações para isso. Bebês possuem esta capacidade, mas, à medida que crescem, vão perdendo-a. comparar um filósofo a uma criança: tanto um quanto o outro ainda não se acostumaram com o mundo e não pretendem se acomodar com as coisas.

A MITOLÓGIA DO MUNDO.A filosofia surgiu por volta de 600 a.C. na Grécia. Antes dela, as explicações para as coisas eram resultantes dos mitos (histórias de deuses, que surgiram da necessidade do homem justificar fenômenos como: crescimento das plantas, as chuvas, os trovões, etc. Tudo que ocorria aqui na Terra estava intimamente ligado ao que acontecia no mundo dos deuses. Dessa maneira, secas, epidemias e outras coisas ruins eram reflexos de que as forças do mal triunfavam sobre as do bem e o inverso ocorria quando havia fartura e riqueza.
Por volta de 700 a.C. Homero e Hesíodo registraram por escrito boa parte da mitologia grega. Agora era possível questioná-la. Xenófanes foi um filósofo crítico em relação aos mitos pelo fato de seus representantes terem sido criados à imagem e semelhança das pessoas.
Na mesma época surgem às cidades-estados na Grécia e em outras regiões e como o sistema era escravista, os homens livres podiam participar dos eventos políticos, culturais, etc. Com isto, houve uma evolução no modo de pensar e às explicações pelos mitos seguiram-se "explicações naturais para os processos da natureza".

FILÓSOFOS DA NATUREZA
Os primeiros pensadores gregos que se interessaram pelos processos naturais. Partiram do pressuposto de que sempre existiu alguma coisa e, vendo as transformações que ocorriam no seu meio, indagavam-se como aquilo era possível. Então, acreditavam que havia uma substância básica que subjazia a todas essas transformações. E tentaram descobrir leis eternas a partir da observação dos fatos, desconsiderando as explanações mitológicas. A filosofia se libertava da religião e os primeiros indícios de uma forma científica de pensar começavam a aparecer.

PENSADORES DA ÉPOCA:> Tales achava que a “água era um elemento de fundamental importância”. Dela tudo se originava e a ela tudo retornava.
> Anaximandro pensou, a Terra era um entre vários mundos surgidos de alguma coisa (infinito), sendo que tudo se dissolveria nessa "alguma coisa".
> Anaxímenes (c. 550-526 a.C.) cria que o “ar era a substância básica de todas as coisas”. A água seria a condensação do ar e o fogo, o ar rarefeito e que se comprimisse mais a água se tornaria terra.

E OS TRÊS FILÓSOFOS DE MILETO> Parmênides dizia: “nada pode vir do nada” e nada que existisse poderia se transformar em outra coisa. Era extremamente racionalista e não confiava nos sentidos, nem quando via que a natureza se transformava.
> Heráclito pensou “Tudo flui” e que a principal característica da natureza eram suas constantes transformações. Ele confiava nos sentidos, acreditava que o mundo estava impregnado de constantes opostos: guerra e paz, saúde e doença, bem mal e que reconhecia haver uma espécie de razão universal dirigente de todos os fenômenos naturais.
> Empédocles (c. 494-434 a.C.) Para acabar com o impasse a que a filosofia se encontrava, fez uma síntese do modo de pensar de Heráclito e Parmênides e com isso chegou a uma evolução do pensamento. Acreditava na existência de mais de uma substância primordial. Para ser mais exato, havia “quatro elementos básicos”: terra, ar fogo e água e tudo existente era produto da junção disso, em proporções diferentes. Achava também que o amor e a disputa eram duas forças que atuavam na natureza. O amor une e a disputa separa as coisas.
E AINDA:
> Anaxágoras (c.500-428 a.C.) “Um pouco de tudo em tudo” - declarava que as coisas eram constituídas por pequenas partículas invisíveis a olho nu, podiam se dividir, mas mesmo na pequena parte existia o todo, chamava estas partes minúsculas de sementes ou germens. Imaginou uma força superior, a inteligência, responsável pela criação das coisas. Foi o primeiro filósofo de Atenas e foi expulso da cidade acusado de ateísmo. Interessava-se por astronomia, explicou que a Lua não possuía luz própria e como surgiram os eclipses.
> Demócrito (c. 460-370 a.C.) o último filósofo da natureza. Imaginou a constituição das coisas por partículas indivisíveis, minúsculas, eternas e imutáveis e as chamou de átomos, a seu ver, possuíam vários formatos, se diferenciavam entre si e podiam ser reaproveitados. Por exemplo, quando um animal morresse seus átomos participariam da constituição de outros corpos. (Era justamente por isso que o Lego era o brinquedo mais genial do mundo, podia ser utilizado para a construção de vários objetos a cargo da imaginação das pessoas, era resistente e "eterno", pois em qualquer época, crianças se interessavam por este tipo de entretenimento). Com os conhecimentos atuais, sabe-se que ele estava certo em grande parte de sua teoria, mas errou ao falar que os átomos são indivisíveis. “Valorizou a razão e as coisas materiais”. Não acreditava em forças que intervissem nos processos naturais. Achava que sua teoria atômica explicava nossas percepções sensoriais e que a consciência e a alma também se constituíam de átomos. Ele não cria numa alma imortal.

O DESTINO
Uma das características dos antigos gregos era o fato de eles serem fatalistas=acreditar que tudo que vai acontecer já está pré-destinado. Doenças eram vistas como um castigo de Deus. Os deuses podiam curar as pessoas, bastando que lhes fizessem sacrifícios apropriados.

ATENAS – ver Acrópole e seu significado, sobre os templos e a época áurea de Atenas. Monumentos, o antigo teatro de Dioniso onde se realizavam as comédias e tragédias gregas, o Areópago, as ruínas da antiga praça do mercado onde numa época bastante remota concentrava tribunais, edifícios públicos, comércio, ginásio de esportes, etc.

SÓCRATES - Na cidade de Atenas primeiramente surgiram os sofistas (homens que criaram uma crítica social discutiam sobre o que era natural e o que não era, ou seja, o que era criado pela sociedade). Sócrates foi contemporâneo dos sofistas. Ele também se ocupava das pessoas e de suas vidas, levando-as a refletirem por si mesmas sobre coisas como os costumes, o bem e o mal. Mas ele diferia dos sofistas por não se considerar um sábio, não cobrava por seus ensinamentos e tinha a convicção de que nada sabia. Reconhecia que havia muita coisa além do que podia entender e vivia atormentado em busca do conhecimento, ousou mostrar as pessoas que elas sabiam muito pouco. Para ele o importante era encontrar um alicerce seguro para os conhecimentos. Racionalista convicto. Em 399 a.C. acusado de corromper os jovens e de não reconhecer a existência dos deuses. Foi julgado, considerado culpado e condenado à morte.

PLATÃO (427-347 a.C.) herói legendário grego discípulo de Sócrates acompanhou-o em sua condenação. Publicou um discurso em defesa de seu mestre onde revelava o que ele havia dito ao júri. Além disso, escreveu uma coletânia de cartas e mais de trinta diálogos filosóficos. Fundou sua própria escola de filosofia, que recebeu o nome de Academia (porque se localizava num bosque denominado Academos). O projeto filosófico de Platão é baseado no interesse pelo que é eterno e imutável tanto no que se refere à natureza, quanto à moral e à sociedade. Acreditava numa realidade autônoma por trás do mundo dos sentidos a qual denominou de mundo das idéias que, a seu ver, continha as coisas primordiais e imagens padrão referentes a tudo existente. Para ele, todas as coisas que existiam eram efêmeras como uma bolha de sabão e, deste modo, nada podia ser verdadeiramente conhecido. “O que se percebe e o que se sente nos dão opiniões incertas e só é possível possuir conhecimento seguro sobre algo através da razão”. Platão acreditava na dualidade humana: o homem possui um corpo (que flui) e uma alma imortal (a morada da razão). Achava que a alma já existia antes de vir habitar nosso corpo (ela ficava no mundo das idéias) e que quando passava a habitá-lo, esquecia-se das idéias perfeitas. Pensava que a alma desejava se libertar do homem e isso propiciava um anseio, uma saudade, que chamou de Eros (amor). Platão dividiu o corpo humano em três partes: cabeça (razão), peito (vontade) e baixo-ventre (desejo ou prazer) e achava que quando elas agiam como um todo se tinha o homem íntegro, que atingiu a temperança. Imaginava um Estado-modelo dirigido por filósofos onde a cabeça=governantes, peito=defesa sentinelas e o baixo-ventre=trabalhadores. Era extremamente racionalista e cria que homens e mulheres possuíam capacidade de governar, desde que tivessem a mesma formação.

ARISTÓTELES (384-322 a.C.) aluno da Academia de Platão. Era natural da Macedônia e filho de um médico famoso. Seu projeto filosófico está no interesse da natureza viva. Último grande filósofo grego e também o primeiro grande biólogo da Europa. Utilizava-se da razão e também dos sentidos em seus estudos. Criou uma linguagem técnica usada ainda hoje pela ciência e formulou sua própria filosofia natural. Discordava em alguns pontos de Platão. Não acreditava que existisse um mundo das idéias abrangedor de tudo existente; “achava que a realidade está no que percebemos e sentimos com os sentidos, que todas as nossas idéias e pensamentos tinham entrado em nossa consciência através do que víamos e ouvíamos e que o homem possuía uma razão inata, mas não idéias inatas”. Tudo na natureza possuía a probabilidade de se concretizar numa realidade que lhe fosse inerente. Assim, uma pedra de granito poderia se transformar numa estátua desde que um escultor se dispusesse a escupi-la. Da mesma forma, de um ovo de galinha jamais poderia nascer um ganso, pois essa característica não lhe é inerente. Acreditava que na natureza havia uma relação de causa e efeito e na causa da finalidade. Deste modo, não queria saber apenas o porquê das coisas, mas também a intenção, o propósito e a finalidade que estavam por trás delas. “Quando reconhecemos as coisas, as ordenamos em diferentes grupos ou categorias e tudo na natureza pertence a grupos e subgrupos”. Ele foi um organizador e um homem extremamente meticuloso. Fundou a ciência da lógica, dividia as coisas em inanimadas (precisavam de agentes externos para se transformar) e criaturas vivas (possuem dentro de si a potencialidade de transformação). Achava que o homem estava acima de plantas e animais porque, além de crescer e de se alimentar, de possuir sentimentos e capacidade de locomoção, tinha a razão. Também acreditava numa força impulsora ou Deus (a causa primordial de todas as coisas). Sobre a ética pregava a moderação para que se pudesse ter uma vida equilibrada e harmônica. Achava que a felicidade real era a integração de três fatores: prazer, ser cidadão livre e responsável e viver como pesquisador e filósofo. Cria que devemos ser corajosos e generosos, sem aumentar ou diminuir a dosagem desses dois itens. Chamava o homem de ser político. Citava formas de governo consideradas boas como a monarquia, a aristocracia e a democracia. Acreditava que sem a sociedade ao nosso redor não éramos pessoas no verdadeiro sentido do termo. Para ele, a mulher era "um homem incompleto". Pensava que todas as características da criança já estavam presentes no sêmen do pai. Sendo assim, o homem daria a forma e a mulher, a substância. Essa visão distorcida predominou durante toda a Idade Média.

O HELENISMO - final do séc. IV a.C. até por volta de 400 d.C. marcou um longo período onde predominou a cultura grega nos três grandes reinos helênicos (Macedônia, Síria e Egito).
Alexandre foi importante nesta época, ele conseguiu a derradeira e decisiva vitória sobre os persas e também uniu o Egito e todo o Oriente, até a Índia, à civilização grega.
A partir de 50 a.C. Roma, que tinha sido província da cultura grega, assumiu o predomínio militar e começou o período romano também conhecido como final da Antigüidade.
O helenismo foi marcado pelo rompimento de fronteiras entre países e culturas:
> Na religião houve uma espécie de sincretismo.
> Na ciência, a mistura de diferentes experiências culturais.
> Na filosofia dos pré-socráticos e de Sócrates, Platão e Aristóteles serviu como fonte de inspiração para diferentes correntes as quais veremos algumas agora:

- Os Cínicos: - A filosofia cínica foi fundada em Atenas por Antístenes (discípulo de Sócrates) por volta de 400 a.C. Os cínicos diziam que a felicidade podia ser alcançada por todos, pois ela não consistia em luxúria, poder político ou boa saúde e sim em se libertar disto tudo. Achavam que as pessoas não deviam se preocupar com o sofrimento (próprio ou alheio) nem com a morte. O principal representante desta corrente filosófica foi Diógenes (discípulo de Antístenes).

- Os Estóicos - A filosofia estóica surgiu em Atenas por volta de 300 a.C. e seu fundador foi Zenão, originário da ilha de Chipre. Os estóicos consideravam as pessoas como parte de uma mesma razão universal e isto levou à idéia de um direito universalmente válido, inclusive para os escravos. Eram monistas (negavam a oposição entre espírito e matéria) e cosmopolitas (interessavam-se pela convivência em sociedade, por política e acreditavam que os processos naturais de morte eram regidos pelas leis da natureza e por isso o homem deveria aceitar deu destino). O imperador romano Marco Aurélio (121-180), o filósofo e político Cícero (106-43 a.C.) e Sêneca (4 a.C.-65 d.C.) foram alguns que seguiram o estoicismo.

- Os Epicureus - Aristipo foi aluno de Sócrates desenvolveu uma filosofia cujo objetivo era obter para a vida, através dos sentidos, o máximo possível de satisfação afastando toda e qualquer forma de sofrimento. Por volta de 300 a.C. Epicuro (341-270 a.C.) fundou em Atenas a escola dos epicureus que desenvolveu mais ainda a ética do prazer de Aristipo e a combinou com a teoria atômica de Demócrito. Epicuro ensinava que o resultado prazeroso de uma ação devia ser ponderado, por causa dos efeitos colaterais. Achava também que o prazer a longo prazo possibilitava mais satisfação ao homem. Ele se utilizava da teoria de Demócrito contra a religião e superstição. Os epicureus quase não se interessavam pela política e sociedade e sua palavra de ordem era "Viver o momento".

- O Neoplatonismo - foi a mais importante corrente filosófica da Antigüidade inspirada em Platão. O neoplatônico mais importante foi Plotino (c. 205-270), ele via o mundo como algo dividido entre dois pólos: numa extremidade estava a luz divina, Uno ou Deus. Na outra reinava a treva absoluta. A seu ver, a luz do Uno iluminava a alma, ao passo que a matéria era a treva. O neoplatonismo exerceu forte influência sobre a teologia cristã.

- O Misticismo - Uma experiência mística significa experimentar a sensação de fundir sua alma com Deus. É que o "eu" que conhecemos não é nosso verdadeiro "eu" e os místicos procuravam conhecer um "eu" maior que pode possuir várias denominações: Deus, espírito cósmico, universo, etc. No entanto, para chegar a esse estado de plenitude, é preciso passar por um caminho de purificação e iluminação através de uma vida simples. Encontra-se tendências místicas nas maiorias religiões do mundo. Na mística ocidental ( judaísmo, cristianismo e islamismo ), o místico diz que seu encontro é com um Deus pessoal. Na oriental ( hinduísmo, budismo e religião chinesa ) o que se afirma é que há uma fusão total com deus, que é o espírito cósmico. É importante notar que essas correntes místicas já existiam muito antes de Platão e que pessoas de nossa época têm relatado experiências místicas como uma forma de experimentar o mundo sob a perspectiva da eternidade.

DOIS CÍRCULOS CULTURAIS:
> Os indo-europeus denominação dada a todos os países e culturas nos quais são faladas as línguas indo-européias. Os primitivos viveram há mais ou menos quatro mil anos nas proximidades dos mares Negro e Cáspio. De lá, espalharam-se por diversos lugares: Irã, Índia, Grécia, Itália, Espanha, Inglaterra, França, Escandinávia, Leste Europeu e Rússia, formando o círculo cultural indo-europeu. Dentre outras coisas, pode-se dizer que sua cultura era marcada pelo politeísmo, a visão era o principal sentido e criam que a história era cíclica. As duas grandes religiões orientais (hinduísmo e budismo) de origem indo-européia, igualmente para a filosofia grega. Nessas religiões, enfatiza-se a presença de Deus em tudo (panteísmo). Outro ponto importante é a crença de que o homem pode chegar a uma unidade com Deus por meio do conhecimento religioso. No Oriente, a passividade e a vida reclusa são vistas como ideais religiosos e em muitas culturas indo-européias acredita-se na metempsicose ou transmigração da alma.

> Os semitas pertenciam a um círculo cultural e língua completamente diferente. Originários da península Arábica também se expandiram para extensas e diferentes partes do mundo. As três religiões ocidentais – judaísmo, o cristianismo e o islamismo – têm base semita. De modo geral, pode-se dizer: os semitas é que eram monoteístas, possuíam visão linear da história, a audição desempenhava papel preponderante e proibiam a representação pictórica. Quanto à história, é interessante saber que, para eles, ela começou com a criação do mundo por Deus que tinha o poder de intervir em seu curso. As imagens eram proibidas no judaísmo e no islamismo, mas no cristianismo eram permitidas devido influência do mundo greco-romano.

ISRAEL - examinemos o pano de fundo judeu do cristianismo: houve a criação do mundo e a rebelação do homem contra Deus (Adão e Eva) e a partir de então, a morte passou a existir na Terra. A desobediência do homem a Deus atravessa toda a história contada na Bíblia. No Gênesis há menção do pacto feito entre Deus, Abraão e seus descendentes que exigia a obediência rigorosa aos mandamentos de Deus. Pacto mais tarde renovado com a entrega das Tábuas da Lei a Moisés no monte Sinai. Naquela época, os israelitas viviam muito tempo como escravo no Egito, mas foram libertados e levados de volta a Israel onde se formou dois reinos: Israel (ao Norte) e Judá (ao Sul) – que foram assolados por guerras, e por todos os séculos que se seguiram até o nascimento de Jesus Cristo, os judeus continuaram sob dominação estrangeira. O povo judeu não entendia o motivo de tanta desgraça e atribuía isso ao castigo de Deus sobre Israel devido à sua desobediência. Então começaram a surgir profecias sobre o Juízo Final e também sobre a vinda de um "príncipe da paz" que iria restaurar o antigo reino de Davi e assegurar ao povo um futuro feliz. Esse messias viria para restituir a Israel a sua grandeza e fundar um "Reino de Deus".

JESUS - No contexto de toda essa efervescência nasceu Jesus Cristo, e o povo imaginava o messias como um líder político, militar e religioso. Outros, duzentos anos antes do nascimento de Jesus, diziam que o messias seria o libertador de todo o mundo. Mas Jesus apareceu com pregações diferentes das que vigoravam e admitia publicamente não ser um comandante militar ou político, dizia que o Reino de Deus era o amor ao próximo e aos inimigos. Ele não considerava indigno conversar com prostitutas, funcionários corruptos e inimigos políticos do povo e que estes seriam vistos por Deus como pessoas justas bastando para isso que se voltassem à Ele pedindo perdão. Jesus afirmava que nós mesmos não podíamos nos redimir de nossos pecados e que nenhuma pessoa era reta aos olhos de Deus. Ele foi um ser humano extraordinário. Soube usar de forma genial a língua de seu tempo e deu a conceitos antigos um sentido novo, extremamente ampliado. Tudo isto acrescentado a sua mensagem radical de redenção dos homens ameaçava tantos interesses e posições de poder que ele acabou sendo crucificado. Para o cristianismo, Jesus foi o único homem justo que viveu e o único que sofreu e morreu por todos os homens.

PAULO - Alguns dias depois da crucificação e enterro de Jesus começaram a surgir boatos sobre sua ressurreição. Pode-se dizer que a Igreja cristã começou naquela manhã de Páscoa. Paulo disse: "Pois se Cristo não ressuscitou, então todo nosso sermão é vão; é vã toda a vossa crença". A partir de então todas as pessoas podiam ter esperança na "ressurreição da carne". Os primeiros cristãos começaram a espalhar a "boa-nova" da redenção pela fé em Cristo. Poucos anos depois da morte de Jesus, o fariseu Paulo se converteu ao cristianismo e suas viagens missionárias pelo mundo greco-romano transformaram o cristianismo numa religião universal. Quando esteve em Atenas, ele fez um discurso do Areópago sobre o Deus que os atenienses desconheciam e isso provocou um choque entre a filosofia grega e a doutrina da redenção cristã. Apesar de tudo, encontrou nessa cultura um sólido apoio, ao chamar atenção para a busca por Deus que estava dentro de todos os homens. Em Atos dos Apóstolos está escrito que depois de seu discurso, vítima de zombaria por algumas pessoas, que o ouviram dizer que Cristo havia ressuscitado dos mortos. Mas também houve os que se interessaram pelo assunto. Prosseguiu em tarefa missionária e após algumas décadas da morte de Cristo já existiam comunidades cristãs em todas as cidades gregas e romanas mais importantes.

O CREDO - Paulo não foi importante para o cristianismo só por suas pregações missionárias dentro das comunidades cristãs, sua influência era muito grande, pois as pessoas também queriam uma orientação espiritual. Pelo fato do cristianismo não ser a única religião nova da época, a Igreja precisava definir claramente a doutrina cristã, a fim de estabelecer seus limites em relação às demais religiões e evitar uma cisão interna. Surgem as primeiras profissões de fé, os primeiros credos que resumiam os princípios ou os dogmas cristãos mais importantes como o que dizia que Jesus havia sido Deus e homem ao mesmo tempo e de forma plena e que realmente tinha padecido na cruz.
NA IDADE MÉDIA formou uma unidade cultural cristã sólida. Havia uma contradição entre Deus e razão. Essa problemática foi tratada por dois importantes filósofos desta época:
> Santo Agostinho dividiu o mundo entre bem e mal, mesclou sua concepção filosófica com a de Platão e a do cristianismo "cristianizou Platão"; achava que o mal era a ausência de Deus e que a "boa vontade era obra de Deus".
> São Tomás de Aquino foi o filósofo quem "cristianizou Aristóteles". Atribui-se-lhe o mérito de ter conseguido fazer uma síntese da fé e do conhecimento. Achava que existiam dois caminhos para se chegar a Deus: a revelação cristã e a razão e os sentidos. Acreditava que Deus havia se revelado ao homem através da Bíblia e da razão. Nesse período histórico conturbado e evolutivamente estagnado a Igreja Católica firmou seu poderio moral-ético-religioso. Desta doutrina, portanto, surgiram os principais filósofos da Idade Média. Esta filosofia católica foi uma forma de unir a base indo-européia grega, de Platão e Aristóteles, a teologia do Velho e Novo Testamento. O primeiro a conseguir eficiência em sua tarefa foi Santo Agostinho. Este monge procurou conciliar a teologia cristã ao neoplatonismo. Outro importante filósofo foi Tomás de Aquino, responsável pela conciliação das teorias de Aristóteles com os ensinamentos e cultura bíblicas.

O RENASCIMENTO período do apogeu cultural, fez renascer a arte e a cultura da Antigüidade. O homem voltou a ocupar o centro de todas as coisas(Antropocentrismo) contrário do que ocorria na Idade Média, Deus no centro de todas as coisas (Teocentrismo). Fala-se agora do humanismo do renascimento=onde a Igreja aos poucos foi perdendo seu poder e monopólio no que se refere à transmissão do conhecimento e a moda naquela época era tornar o ser humano algo grandioso e valioso.

O HUMANISMO DO RENASCIMENTO foi muito marcado pelo individualismo. A nova visão do homem centrava-se no interesse pela anatomia e nas representações dos nus humanos. O homem, a partir desta concepção, não existia apenas para servir a Deus, mas a ele próprio. No Renascimento desenvolveu-se um novo método científico=o princípio vigente era o da investigação da natureza mediante a observação e a experimentação – método empírico.
O BARROCO - o séc. XVII tem sua origem numa palavra que significa "pérola irregular” houve a valorização das formas opulentas, cheias de contrastes. Em muitos aspectos, foi marcado pela vaidade e pela irracionalidade. Política foi de contrastes: de um lado guerras e de outro o surgimento de potências na Europa como a França. No social, a principal característica foram as diferenças de classes. Na arquitetura formas sobrecarregadas de ornamentos que ocultavam as linhas da estrutura. Um correlato disso na política seriam os assassinatos, as intrigas e as conspirações.
Principais representantes da época:
William Shakespeare
Calderón de La Barca, o poeta dramático espanhol e
Ludvig Holdberg já com traços do Iluminismo.

RENÉ DESCARTES (1596). Dedicou muito a viagens pela Europa e pode-se dizer que foi o fundador da filosofia dos novos tempos, primeiro grande construtor do sistema filosófico=uma filosofia de base cujo objetivo é encontrar respostas para as questões filosóficas mais importantes.
Foi seguido por Spinoza, Leibniz, Locke, Berkeley, Hume e Kant.
Uma coisa que ocupou a atenção de Descartes foi a relação, entre corpo e alma. Sua obra mais importante é Discurso do método, onde explica, entre outras coisas, que não se deve considerar nada como verdadeiro. Ele queria aplicar o método matemático à reflexão da filosofia e provar as verdades filosóficas como se prova um princípio de matemática, ou seja, empregando a razão. Em seu raciocínio, Objetivava chegar a um conhecimento seguro sobre a natureza da vida e afirmava que para tanto se deve partir da dúvida. Achava importante descartar todo o conhecimento constituído antes dele, para só então começar a trabalhar em seu projeto filosófico e que não devíamos confiar em nossos sentidos. Era racionalista. Uma das conclusões a que chegou foi a de que a única coisa sobre a qual se podia ter certeza era a de que duvidava de tudo. Acreditava na existência de Deus como algo tão evidente quanto o fato de que alguém que pensa era um ser, um Eu presente. Achava que o homem era um ser dual: tanto pensa como ocupa lugar no espaço. Morreu aos 54 anos, um homem à frente de seu tempo. Mesmo após sua morte continuou a ser uma figura de grande importância para a filosofia.

BARUCH SPINOZA filósofo holandês que recebeu influências de Descartes. Ele pertencia à comunidade judaica de Amsterdã, mas foi excomungado por heresia. Contestava o fato de que cada palavra da Bíblia fosse inspirada por Deus e dizia que quando a lemos temos que fazê-lo com uma postura crítica. Com essa forma de pensar, foi sendo isolado por todos, até por sua família. Seu sustento provinha do polimento de lentes e isso tem um significado simbólico, pois a tarefa de um filósofo é justamente ajudar as pessoas a ver a vida de um modo novo. Em sua filosofia é fundamental enxergar as coisas sobre a perspectiva da eternidade. Era panteísta=achava que Deus estava presente em tudo que existia, entendia a ética como a doutrina de como se deve viver para ter uma boa vida. Racionalista=pretendeu mostrar que a vida do homem é governada pelas leis da natureza. Achava que o homem tinha que se libertar de seus sentimentos e sensações para só então encontrar a paz e ser feliz. Era monista (acreditava somente numa natureza material, física). Considerava Deus, ou as leis da natureza, a causa interna de tudo o que acontecia. Tinha uma visão determinista, defendeu de forma enérgica a liberdade de expressão e a tolerância religiosa. Em virtude destes acontecimentos nasce René Descartes, responsável pela reunião do pensamento contemporâneo num único e coerente sistema filosófico. Dentre as várias teorias desenvolvidas deve-se destacar além de Descartes, Spinoza, segundo o qual "...Deus não é um manipulador de fantoches...".

JOHN LOCKE, (1632-1704) foi o primeiro filósofo empírico inglês (da experiência ou empírico). No racionalismo seus principais representantes no séc. XVII foram: o francês Descartes, o holandês Spinoza e o alemão Leibniz. Um empírico deriva todo o seu conhecimento daquilo que lhe dizem os sentidos. A formulação clássica de uma postura empírica vem de Aristóteles. Locke repetiu as palavras deste filósofo, mas o destinatário de sua crítica foi Descartes. Seu livro mais importante Um ensaio sobre o entendimento humano, que tentava explicar duas questões: primeiro, de onde o homem retirava seus pensamentos e suas noções; em segundo, se podíamos confiar no que nossos sentidos nos dizem. Acreditava que todos os nossos pensamentos e nossas noções nada mais eram do que um reflexo daquilo que um dia já sentimos ou percebemos através de nossos sentidos. Antes de sentirmos qualquer coisa nossa mente era como uma tábula rasa, uma lousa vazia. Estabeleceu a diferença entre aquilo que se chama de qualidades sensoriais primárias e secundárias. Por qualidades sensoriais primárias entendia a extensão, peso, forma, movimento e número das coisas. As secundárias eram as que não reproduziam as características verdadeiras das coisas e sim o efeito que essas características exteriores exerciam sobre os nossos sentidos. Chamou a atenção para o conhecimento intuitivo ou demonstrativo, acreditava que certas diretrizes éticas valiam para todos e que era inerente à razão humana saber da existência de um Deus.

DAVID HUME viveu de 1711 a 1776. Sua filosofia é considerada até hoje como a mais importante filosofia empírica. Achava que lhe cabia a tarefa de eliminar todos os conceitos obscuros e os raciocínios intricados criados até então, queria retornar à forma original pela qual o homem experimentava o mundo. Constatou que o homem possuía impressões de um lado, e idéias, de outro e atentou para o fato de que tanto uma quanto outra poderiam ser simples ou complexas. Preocupou com o fato de às vezes formarmos idéias e noções complexas, para as quais não há correspondentes complexos na realidade material. Era dessa forma que surgiam as concepções falsas sobre as coisas. Estudou cada noção, cada idéia, a fim de verificar se sua composição encontrava correlato na realidade. Achava que uma noção complexa precisava ser decomposta em noções menores. Era assim que pretendia chegar a um método científico de análise das idéias do homem. No âmbito da ética e da moral, se opôs ao pensamento racionalista. Os racionalistas consideravam uma qualidade inata da razão humana o fato de ela poder distinguir entre o certo e o errado. Porém, não acreditava que a razão determinasse as ações e pensamentos de uma pessoa.

GEORGE BERKELEY (1685-1753) foi um bispo irlandês. Cria que a filosofia e a ciência de seu tempo constituíam uma ameaça para a visão cristã do mundo. Além disso, achava que o materialismo, cada vez mais consistente e difundido, colocava em risco a crença cristã de que Deus criou e mantém vivo tudo existente na natureza. Ao mesmo tempo foi um dos mais coerentes representantes do empirismo. Dizia que tudo que existia era só o que percebíamos e que aquilo que percebíamos não era matéria ou substância. Acreditava também que todas as idéias tinham uma causa fora da consciência, mas que esta causa não era de natureza material e sim de natureza espiritual. Segundo ele, a alma podia ser a causa das próprias idéias, mas só outra vontade, só outro espírito podia ser a causa das idéias que formavam o mundo material. Dizia que tudo vinha do espírito "onipotente por meio do qual tudo existia". Afirmava que tudo que víamos e sentíamos era um efeito da força de Deus, pois Ele estava presente no fundo de nossa consciência e era a causa de toda a multiplicidade de idéias e sensações a que estávamos constantemente sujeitos. Este espírito, no qual tudo existia era o Deus cristão.

O ILUMINISMO, movimento que caracterizou o pensamento europeu do século XVIII, baseado na crença do poder da razão e do progresso, na liberdade de pensamento e na emancipação política. Muitos filósofos do iluminismo francês tinham visitado a Inglaterra, que em certo sentido era mais liberal do que a França. A ciência natural inglesa encantou esses filósofos franceses. De volta a sua França, eles começaram pouco a pouco a se rebelar contra o autoritarismo vigente e não tardou muito a se voltarem também contra o poder da Igreja, do rei e da aristocracia. Reimplantar o racionalismo em sua revolução. A maioria dos filósofos do Iluminismo tinha uma crença inabalável na razão humana. A nova ciência natural deixava claro que tudo na natureza era racional. Os filósofos iluministas consideravam sua a tarefa de criar um alicerce para a moral, a ética e a religião que estivesse em sintonia com a razão imutável do homem. Fatores contribuíram para a formação do pensamento do iluminismo francês. Os filósofos desta época diziam que só quando a razão e o conhecimento se difundissem era que a humanidade faria grandes progressos. A natureza para eles era quase a mesma coisa que a razão e por isso enfatizavam um retorno de homem a ela. Falavam também que a religião deveria estar em consonância com a razão natural do homem. O iluminismo foi o alicerce para a Revolução Francesa de 1789.

IMMANUEL KANT nasceu em Königsberg, uma cidade da Prússia Oriental, em 1724. Conheceu muitos filósofos racionalistas e empíricos. Achava que tanto os sentidos quanto a razão eram muito importantes para a experiência do mundo e concordava com Hume e com os empíricos quanto ao fato de que todos os conhecimentos deviam-se às impressões dos sentidos. Mas, e nesse ponto ele concordava com os racionalistas, a razão também continha pressupostos importantes para o modo como o mundo era percebido. Explicava que o espaço e o tempo pertenciam à condição humana sendo propriedade da consciência, e não atributos do mundo físico. Afirmava que a consciência se adaptava às coisas e vice-versa acreditava que a lei da causalidade era o elemento componente da razão humana e que era eterna e absoluta, simplesmente porque a razão humana considerava tudo o que acontecia dentro de uma relação de causa e efeito. Atentou para o fato de haver limites bem claros para o que o homem podia saber e que o ser humano jamais poderia chegar a um conhecimento a respeito da existência de Deus, de que o universo era ou não infinito, etc. Outro pensamento era o de que a razão operava fora dos limites daquilo que os seres humanos poderiam compreender. Dois elementos que contribuíam para o conhecimento do mundo: experiência e razão. Achava que o material para o conhecimento era dado através dos sentidos que se adaptava às características da razão.

O ROMANTISMO começou na Alemanha, em fins do século XVIII, como uma reação à parcialidade do culto à razão apregoado pelo iluminismo e durou até meados do século passado. Suas palavras de ordem eram: sentimento, imaginação, experiência e anseio. No Romantismo, o indivíduo encontrava caminho livre para fazer sua interpretação e professava uma glorificação quase irrestrita do "eu". Os românticos acreditavam que só a arte era capaz de aproximar alguém do indizível. Alguns levaram essa reflexão às últimas conseqüências e chegaram a comparar o artista com Deus. Diziam que o artista possuía uma espécie de imaginação criadora do mundo e em seu êxtase artístico seria capaz de experimentar um estado em que as fronteiras entre sonho e realidade desapareceriam. Sentiam-se atraídos pela noite, crepúsculo, antigas ruínas e pelo sobrenatural. Interessavam-se muito pelo lado oculto da vida: obscuro, misterioso, e o místico. Romantismo um fenômeno urbano. Precisamente na primeira metade do século passado, a cultura urbana vivia um período de apogeu em muitas regiões da Europa. Dizia-se que, para o artista a ociosidade era o ideal e a indolência, a primeira virtude do romântico e que era seu dever viver a vida, ou imaginar-se distante dela. Características mais importantes deste período era o amor pela natureza e por sua mística. O Romantismo também foi uma reação à visão do mundo mecanicista do iluminismo. Isto significa que a natureza voltou a ser vista como um todo, como uma unidade. Devido ao fato do Romantismo trazer consigo uma reorientação em tantos setores, costuma-se distingui-lo de duas formas: Romantismo Universal e o Nacional. No primeiro, os românticos se preocupavam com a natureza, a alma do mundo e com o gênio artístico. No segundo, eles interessavam-se, sobretudo pela história do povo, sua língua e também pela cultura popular.

KIERKEGAARD nasceu em Copenhague em 1813. Opôs intensamente aos pensamentos de Hegel, e disse que a filosofia da unidade dos românticos e o historicismo de Hegel tinham tirado do indivíduo a responsabilidade pela sua própria vida, e o mais importante do que a busca de uma verdade era a busca por verdades que são importantes para a vida de cada indivíduo. Dizia também que a verdade era subjetiva não no sentido de que era totalmente indiferente o que pensamos ou aquilo em que acreditamos, mas que as verdades realmente importantes eram pessoais. Achava que haver três possibilidades diferentes de existência: Estágio estético=vive o momento e visa sempre o prazer. Estágio ético=marcado pela seriedade e por decisões consistentes, tomadas segundo padrões morais. Estágio religioso (cristianismo)=prefere a fé ao prazer estético e aos mandamentos da razão. Para Kierkegaard, o estágio religioso era o cristianismo.

GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL nasceu em 1770, em Stuttgart. Reuniu e desenvolveu quase todos os pensamentos surgidos entre os românticos. Empregou o conceito espírito do mundo, mas lhe atribuiu um sentido diferente dos outros românticos. Quando falava de espírito ou razão do mundo, estava se referindo à soma de todas as manifestações humanas. e que a verdade era basicamente subjetiva, contestava a possibilidade de haver uma verdade acima ou além da razão humana. Achava que as bases do conhecimento mudavam de geração para geração e, por conseqüência, não existiam verdades eternas. Dizia que a razão era algo dinâmico e que fora do processo histórico não existia qualquer critério capaz de decidir sobre o que era mais verdadeiro e o que era mais racional. Acreditava que quando se refletia sobre o conceito de "ser" não tinha como deixar de lado a reflexão da noção oposta, o "não ser" e que a tensão entre esses dois conceitos era resolvida pela idéia de transformar-se. Atribuiu uma importância enorme àquilo que chamou de forças objetivas: a família e o Estado (o indivíduo era a parte orgânica de uma comunidade e a razão ou o espírito do mundo só se tornavam possíveis na interação das pessoas) e dizia também que o Estado era mais que o cidadão isolado e mais que a soma de todos os cidadãos. Achava impossível desligar-se da sociedade e quem dava as costas à sociedade na qual vivia e preferia encontrar-se a si mesmo era um louco. Falava que não era o indivíduo que encontrava a si mesmo, mas o espírito do mundo e tentou mostrar que este retorna a si em três estágios: 1º. Razão subjetiva=espírito do mundo se conscientiza de si mesmo no indivíduo; 2º. Razão objetiva=atinge um nível mais elevado de consciência na família, na sociedade e no Estado; 3º. Razão absoluta atinge a forma mais elevada de autoconhecimento (arte/religião e filosofia=a mais elevada da razão). Só na filosofia que o espírito do mundo se encontraria. Podia ser considerada o espelho do espírito do mundo.

MARX filósofo materialista de pensamento objetivo prático e político. Historiador, sociólogo e economista. Achava que as condições materiais de vida numa sociedade determinavam o pensamento e a consciência e que tais condições eram decisivas também para a evolução da história. Nesse sentido, dizia que não eram os pressupostos espirituais numa sociedade que levavam a modificações materiais, mas exatamente o oposto: as condições materiais determinavam, em última instância, também as condições espirituais e que as forças econômicas eram as principais responsáveis pela mudança em todos os outros setores e, conseqüentemente, pelos rumos do curso da história. As condições materiais sustentavam todos os pensamentos e idéias de uma sociedade composta por três camadas: 1ª. Recursos naturais=embaixo de tudo estavam às condições naturais de produção; 2ª. Meios de produção=formada pelas forças de produção de uma sociedade que não era só a força de trabalho do próprio homem, mas também os tipos de equipamentos, ferramentas e máquinas; 3ª. Relações de produção de uma sociedade=trata das relações de posse e da divisão do trabalho. Para ele, o modo de produção determinava se relações políticas e ideológicas podiam existir. Falava que toda a história era a história das lutas de classes. Pensava a respeito do trabalho humano falando que quando o homem labutava, ele interferia na natureza e deixava nela suas marcas e vice-versa. Foi à pessoa que deu grande impulso ao comunismo, atacava fortemente o sistema capitalista que vigorava em todo mundo e achava que seu modo de produção era contraditório. Para ele, o capitalismo era um sistema econômico autodestrutivo, sobretudo porque lhe faltava um controle racional, considerava o capitalismo progressivo, isto é, algo que aponta para o futuro, mas só porque via nele um estágio a caminho do comunismo. Segundo ele, quando o capitalismo caísse e o proletariado tomasse o poder, haveria o surgimento de uma nova sociedade de classes, na qual o proletariado subjulgaria à força a burguesia. Esta fase de transição Marx chamou de ditadura do proletariado. Depois disso a ditadura do proletariado daria lugar a uma sociedade sem classes, o comunismo e esta seria uma sociedade na qual os meios de produção pertenceriam a todos. Em tal estágio, cada um trabalharia de acordo com sua capacidade e ganharia de acordo com suas necessidades.

DARWIN nasceu em 1809 na cidade de Shrewsbury, cientista que, mais do que qualquer outro em tempos mais modernos, questionou e colocou em dúvida a visão bíblica sobre o lugar do homem na criação, achava que precisava se libertar da doutrina cristã sobre o surgimento do homem e dos animais, vigente em sua época. Em seu livro Origem das espécies, defendeu duas teorias ou idéias principais:
1º) que todas as espécies de plantas e animais existentes descendiam de formas mais primitivas, que viveram em tempos passados, pressupôs, portanto, uma evolução biológica;
2º) explicou que esta evolução se devia à seleção natural. Um dos argumentos propostos por ele para a evolução biológica era o fato de existir depósitos de fósseis estratificados em diferentes formações rochosas. Outro argumento era a distribuição geográfica das espécies vivas (havia visto com seus próprios olhos que as diferentes espécies de animais de uma região distinguiam-se umas das outras por detalhes mínimos). Não acreditava que as espécies eram imutáveis, só que lhe faltava uma explicação convincente para o modo como se processava a evolução. O que ele tinha era um argumento para a suposição de que todos os animais da Terra possuíam um ancestral comum: a evolução dos embriões dos mamíferos, mas continuava sem explicar como se processava a evolução para as diferentes espécies. Enfim chegou a uma conclusão: a responsável era a seleção natural na luta pela vida, ou seja, quem melhor se adaptava ao meio ambiente, sobrevivia e podia garantir a continuidade de sua espécie. "As constantes variações entre indivíduos de uma mesma espécie e as elevadas taxas de nascimento constituem a matéria-prima para a evolução da vida na Terra. A seleção natural na luta pela sobrevivência é o mecanismo, a força propulsora que está por trás desta evolução. A seleção natural é responsável pela sobrevivência dos mais fortes, ou dos que melhor se adaptam ao seu meio".

FREUD nasceu em 1856 e estudou medicina na Universidade de Viena. Achava que sempre havia uma tensão entre o homem e o seu meio, um conflito entre o próprio homem e aquilo que o seu meio exigia dele. Descobriu o universo dos impulsos que regiam a vida do ser humano. Freqüentemente impulsos irracionais determinavam pensamentos, sonhos e ações de pessoas e tais impulsos irracionais eram capazes de trazer à luz instintos e necessidades que estavam profundamente enraizados no interior dos indivíduos. Concluiu a existência da sexualidade infantil por meio de sua prática como psicoterapeuta, constatou muitas formas de distúrbios psíquicos eram devido a conflitos ocorridos na infância. Após um longo período de experiência com pacientes, concluiu que a consciência seria mais ou menos como a ponta de um iceberg que se elevava para além da superfície da água. Sob a superfície ou sob o limiar da consciência, estava o subconsciente ou inconsciente. A expressão inconsciente significava tudo o que reprimimos.

O EXISTENCIALISMO tem como ponto de partida única e exclusivamente o homem. Vale ressaltar que todos os filósofos existencialistas eram cristãos. Jean-Paul Sartre foi um de seus principais representantes. Comentou sobre a revolução tecnológica por que o mundo passava.

ORIGEM DO UNIVERSO, a teoria do Big Bang, que foi uma grande explosão cósmica ocorrida há bilhões de anos, ver sobre astronomia, gravidade, inércia. Mas, correlacionando-se tais dados com a eterna pergunta "de onde nós viemos?", pode-se fazer um paralelo com as teorias mais antigas, do dia e noite de Brahma no hinduísmo, ou o faça-se a Luz da Bíblia, ou a explosão do centro do Universo, no Big Bang? As idéias humanas giram ciclicamente em torno das mesmas perguntas, mas as respostas, com o passar das eras, são cada vez mais sutis, análogas e abrangentes.