
"Desde então, de cada vez que o homem se desengana do homem, e a alma precisa do ideal eterno, na melancolia das épocas agitadas e tenebrosas, diante da injustiça ou da dúvida da opressão ou da miséria, é no cristal das Tuas fontes que se vai saciar a nossa sede. Deixaste-as abertas na rocha a Tua verdade, e há dezenove séculos que borbotam com o mesmo frescor sempre das primeiras lágrimas daquela cuja eternidade virginal desabotoavam hoje na flor da redenção cristã".
"Tamanha é a Tua grandeza que excede todas as do Universo e da razão: o espaço, o tempo, o infinito, acima dos quais a cruz da Tua tragédia espantosa parece maior que os vôos da metafísica, as imensidades dos cálculos e as hipóteses do sonho. Daí a palavra e a imaginação recuam assombradas, balbuciando. A criatura sente o Teu amor, mas tremendo. Vê-se alvorecer a eternidade na magnificência de um abismo que se rasga no Céu; mas nas suas arestas alguma coisa há de sombra e ameaça. De onde, porém Tu penetras no coração, de todos com a doçura de uma carícia universal, é daquele presépio, onde a Tua bondade nos amanheceu um dia no sorriso de uma criança."