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sábado, 17 de abril de 2010

Pluralismo

Pluralismo idéias inclusivistasAbordagem do pluralismo como um movimento ético e religioso. O final do século XX se caracteriza por romper o que, historicamente acreditamos como verdade fundamental, da qual não se poderia abrir mão. Movimentos chamados de: secularismo, relativismo, pós-modernismo e pluralismo, que andam juntos, porém cada qual com suas próprias características, mas se confundem e se sobrepõem em algum sentido.

Origem do Pluralismo Pós-ModernistaO pluralismo tem suas raízes já no período moderno. No começo do século XIX Schleiermacher questiona o exclusivismo do único caminho para a vida e que o Altíssimo está salvificamente disponível a todas as religiões. Começa o questionamento do Evangelho ser a única saída para os problemas humanos é o cumprimento e a mais alta manifestação da consciência. A origem da diversidade religiosa levanta-se.

O cristianismo do liberalismo teológico do século passado sustentava que o Deus imanente do cristianismo não pertencia somente ao cristianismo e sim de todas as culturas religiosas do mundo. Jesus Cristo é o exemplo máximo desse Deus imanente, mas não era a única forma dele expressar-se.

No final do século XIX, o cristianismo liberal começou a questionar que Jesus Cristo era o cumprimento da religião, ou a expressão máxima do Deus imanente.

Ernst Troeltsch "esposou o pluralismo." Mesmo confessando que o cristianismo possui "uma verdade e poder espiritual" e até a "manifestação da vida divina em si mesma" concluiu que esse julgamento tem "validade somente para nós." Outras civilizações também possuem seu próprio acesso salvífico à vida divina, independentemente do cristianismo. Por isso, no final do século passado e no começo deste século, começou a haver o diálogo com as outras religiões e, até, uma tentativa de ecumenismo entre as várias religiões do mundo, incluindo as não-cristãs.

Pluralismo Intelectual
Uma das suas ilustrações pode ser vista na abordagem dos textos e de sua linguagem chamado Desconstrucionismo, as interpretações são igualmente válidas ou igualmente destituídas de significado (dependendo do ponto-de-vista de quem o analisa). Todas as pessoas podem ter as suas próprias idéias com respeito ao texto lido. Ninguém pode reivindicar exclusividade de verdade na sua interpretação. O verdadeiro significado das palavras é parte de um sistema fechado de uma cultura, que não faz sentido para uma outra cultura.

Portanto, para os desconstrucionistas todos nós vivemos encarcerados na "prisão da linguagem." A linguagem humana não contém qualquer verdade absoluta, um texto não pode conter uma verdade absoluta, pois o sentido que o autor quis dar a ele não é importante. O importante é como quem lê o entende. Pessoas podem ter as mais diferentes interpretações do mesmo texto, sem que isso constitua uma contradição. A contradição existe se há a verdade absoluta.

Os desconstrucionistas do pós-modernismo procuram desenvolver uma "hermenêutica de suspeição" para descobrir o que está escondido no texto.

Entende que a linguagem é detentora de todo o poder, e procuram a libertação desse poder por romper a autoridade da linguagem vê cada texto como uma criação política usualmente designada para funcionar como propaganda para o status quo.

A idéia é tirar o poder das palavras que formaram a civilização ocidental cria os preconceitos de: racismo, sexismo, patriarcalismo, homofobia, imperialismo e a opressão econômica. A fim de quebrar com essa sociedade doentia, dando-lhes uma interpretação subjetiva, dependendo do entendimento de quem as lê. A interpretação está sujeita ao entendimento que o leitor tem das palavras, de acordo com a sua própria formação cultural.

Pluralismo Religioso
Os pluralistas cristãos têm recebido profundas influências das religiões orientais, especialmente do Budismo quando usam uma parábola contada pelos budistas sobre seis homens cegos e um elefante.
Cada um desses homens cegos apalpou o elefante vindo a conceber uma idéia diferente dele.
- O primeiro cego, após apalpar o lado musculoso do elefante, chegou à conclusão de que ele era como um muro.
- O segundo cego, após apalpar as pernas grossas e roliças do elefante, protestou, dizendo: "Não, o elefante tem uma forma diferente, ele se parece com uma coluna”.
- O terceiro abordou o elefante de uma forma diferente. Após apalpar a tromba, disse: "Vocês dois estão enganados, o elefante se parece com uma grande cobra.”
E, assim, cada um dos seis teve uma concepção diferente do mesmo elefante. Todos falavam coisas bem diferentes, mas todos estavam falando do mesmo elefante.

Os pluralistas cristãos têm usado esse tipo de parábola para ilustrar a relação que tem havido entre o cristianismo e as outras religiões não-cristãs. Todas elas têm abordagens diferentes a respeito de Deus, mas todas estão falando da mesma coisa, sob perspectivas diferentes. Se um cristão afirmar que somente a forma do cristianismo oferecer a salvação é correta, e não a das outras religiões, ele está se portando como um dos cegos da estória.

Portanto, a voz pluralista dentro de alguns círculos cristãos é esta:
- nós devemos afirmar que Jesus Cristo é Salvador, mas não podemos afirmar que Ele é a única forma do homem alcançar salvação.
- Ele é uma entre as muitas outras formas de Deus infinito revelar-se.
Todas as tradições religiosas do mundo possuem aspectos reveladores de Deus, que tomam vários nomes e conceitos nos mais variados recantos do mundo. A Realidade Infinita (que é Deus) tem recebido várias conotações:
- entre muitos do oriente é chamada de o grande Brahma, (que é mediado através de escrituras sacras);
- para os budistas, Nirvana, (é o caminho ensinado por Buda);
- para os muçulmanos, Allah (é a realidade final ensinada pelo grande e autoritativo Maomé);
- a Realidade Infinita para os judeus é Yahweh, (que se revelou maravilhosamente na Torá);
- para os cristãos, é Deus, (que se revelou em Jesus Cristo).

E a lista não termina por aqui. Muitas outras formas da realidade infinita poderiam ser mostradas nas demais religiões orientais. Como no pluralismo não existe a verdade absoluta, nem existe uma religião verdadeira, o pluralismo religioso cristão vigente em nossos dias manifesta-se de várias maneiras práticas com relação às religiões não-cristãs.

Um pastor evangélico e professor de um seminário protestante no sul da Índia, participando do funeral de um seu amigo hindu, que ele chamou de "um funeral cristão-hindu," disse:- "Em meu breve discurso, eu referi-me à sua vida (do amigo morto) como um marido, pai, avô, e amigo, mencionando que, embora tenha vivido na companhia de uma família cristã, ele permaneceu fiel à sua herança hindu. Eu mencionei que, assim como nós cristãos estamos comprometidos com a nossa fé, assim nossos vizinhos hindus estão comprometidos com a deles, e que, portanto, deveríamos respeitar as crenças e convicções uns dos outros."
- Nessa cerimônia os hindus participaram lendo as suas convicções religiosas, totalmente opostas às do cristianismo; mas num ambiente pluralista ninguém pode reivindicar que está com a verdade absoluta. Todos têm as verdades, mesmo que elas se contradigam.
- Assim é o pluralismo.

Pluralismo TeológicoEm virtude da "mega-mudança" havida no pós-modernismo em relação ao cristianismo pré-moderno, vários pressupostos teológicos foram modificados no cristianismo pluralista. Eles são evidentes nos vários ramos da teologia cristã, mas especialmente na soteriologia (doutrina da salvação): e na cristologia.

Na Soteriologia
Na soteriologia pluralista, o Deus do cristianismo é um Deus de amor, e não poderia excluir da salvação os não-cristãos pelo simples fato de eles não serem cristãos.
- O particularismo soteriológico dos cristãos durante séculos tem sido questionado, porque agora tem sido ensinado que a graça de Deus está disponível em todas as culturas que não foram evangelizadas à moda antiga.
- A salvação vem através de outras formas reveladoras de Deus, além daquela que veio em Cristo.

As perguntas que os pluralistas fazem são:- Se a salvação está disponível apenas através de um conhecimento de Jesus Cristo, isso implica que alguns povos possuem mais privilégios que outros?
- É este o tipo de Deus misericordioso e amoroso que vemos em Cristo Jesus?
- Não deveríamos nós ser mais otimistas a respeito da graça salvífica de Deus, mesmo fora da proclamação da igreja?
Com essas asserções, o grande axioma de Cipriano, extra ecclesiam nulla salus ("fora da igreja não há salvação"), defendido historicamente por católicos e protestantes, fica destituído de significado, e a fé em Cristo deixa de ser o único meio para o homem ser salvo.

Na Cristologia
Dentro da teologia dos pluralistas, a cristologia fica na dependência da soteriologia. O grande pressuposto é que a salvação tem outros caminhos, além do proposto pelo cristianismo tradicional. Ora, se Jesus Cristo é apenas um caminho no processo da salvação da humanidade, o elemento preponderante é a soteriologia, e a cristologia vem cumprir apenas um dos propósitos redentores de Deus.
- Jesus Cristo não pode ser a revelação especial de Deus no sentido de a salvação depender dele unicamente.
- Há outras revelações de Deus que são igualmente soteriológicas. Há outras formas de salvação que não são concentradas em Jesus Cristo, segundo o ensino da cristologia pluralista.
- Esta segunda idéia está enraizada na primeira, porque um Deus de amor não poderia deixar de fora outras nações não evangelizadas.
Por essa razão, outras formas de salvação são possíveis, conforme o argumento pluralista.

O Abandono da Arrogância Cultural e TeológicaA primeira grande pressuposição é que, segundo a abordagem pluralista, todas as religiões têm que abandonar a sua arrogância teológica. Nenhum grupo religioso pode jactar-se (vangloriar-se) de ser superior ao outro em termos de verdade, porque a religião está associada à cultura. E não existe uma cultura superior à outra. Todas são igualmente boas.

O que é verdade para mim pode não ser verdade para outra pessoa. Por essa razão, ninguém pode reivindicar estar com a verdade objetivamente. Ela não está em nenhum lugar que não seja na mente do indivíduo. O pós-modernismo tem sido caracterizado por "uma aversão endêmica pelas questões da verdade."

A verdade pode estar em dois sistemas políticos e econômicos totalmente opostos. Algumas pessoas podem aceitar a democracia e outros o totalitarismo. Ambos podem estar com a verdade porque a verdade é reconhecida quando ela é aceita por um grupo, mas não existe verdade absoluta ou objetiva. O fato é que estamos convivendo nesta nossa geração com "verdades" antitéticas; convivendo com concepções opostas igualmente "verdadeiras."

Assim, na concepção pluralista, nenhuma religião, inclusive o cristianismo, é a depositária da verdade. Não existe a idéia de definição: este versus (x) aquele. Não deve haver, em hipótese alguma, a definição de estar num lado ou no outro, como se somente um dos lados estivesse com a verdade. A verdade está com todas as religiões, e não é propriedade de uma só. Há uma relativização histórica das verdades do cristianismo.

Para os pluralistas, são altamente criticáveis aqueles que postulam um só padrão de verdade.

Todos aqueles que se insurgem contra a crença pós-modernista de que "não há absolutos" ficam fora dos cânones da tolerância. O erro dos cristãos, por exemplo, segundo os pós-modernistas neste mundo pluralista, é crer na verdade absoluta (pensam na verdade ser a sua igreja).

O pós-modernismo tem sido caracterizado pela ausência da verdade objetiva, como já foi mencionado acima, e isto leva a um paradigma altamente subjetivo. O pós-modernista Steven Connor, diz que "desde a música ao turismo, à TV e mesmo à educação, todas estas coisas são imperativos da propaganda, e que o consumidor não quer mais aquilo que é bom, mas ele quer experiências." Essa força da experiência como algo de suprema importância tem atravessado as barreiras do mundo chamado "secular."

Ela tem entrado no terreno da teologia prática. Muitos segmentos do cristianismo pós-moderno têm mudado o paradigma básico da busca da verdade objetiva da Palavra de Deus para a "verdade" da experiência.

Se o paradigma da verdade de Deus não é levado em conta, e aceitamos o paradigma da experiência, não poderemos negar as experiências de outros grupos religiosos não-cristãos como válidas e como fonte autoritativa.

O cristianismo moderno tem enfatizado a experiência com Cristo Jesus como base de sua fé. Se a experiência dos cristãos é fundamento para a sua fé, não se pode negar às outras tradições o mesmo critério.

Uma das coisas mais profundas nas religiões não-cristãs é a experiência religiosa como um fenômeno indiscutível. Às experiências de outras religiões também deveria ser permitido o mesmo status pelos pluralistas cristãos, para poderem ser coerentes.

Muitíssimos religiosos muçulmanos e budistas têm reivindicado experiências salvadoras, confortadoras e que lhes têm trazido paz, e estas experiências deveriam ser levadas em conta pelos "experiencialistas" evangélicos, ao mesmo nível das experiências cristãs.

O pluralismo pós-modernista apóia totalmente esta mega-mudança nos círculos cristãos. O objetivo do pós-modernismo tem sido alcançado, porque essa mudança anula o princípio básico da verdade ensinada objetivamente. Fonte : Héber Carlos de Campos

Inter-religiosidade - Cinco esferas determinantes para seus avanços globais:
1 – Diálogo religioso = Difícil existência com a ausência da humildade, a arrogância, que só acentua o despreparo para um bem comum. Ainda se vive e muito em uma elevada ignorância.

2 – Diversidades = aceitá-la é o maior desafio, como respeitar às diferenças humanas com cortesia as pessoas de outra religião, todavia elas não brincam com Deus. A questão cultural privou-nos da alteridade, ou seja, das experiências com diversas etnias, não é fácil agora vivermos com religiões diferentes das quais eu sigo ou acredito, sendo assim me leva a uma singularidade desnecessária.

3 – Fidelidade a tradição = Quase sempre é impossível nos permitirmos a entender ou aceitar qualquer coisa fora de nossas bases, a referência que nos foi passada formou de tal modo nossa identidade.

4 – Busca comum a verdade = É comum percebemos uma procura (que só Deus conhece o destino) pedaços que tiramos de cada religião para compormos o quebra-cabeça que dou o nome de verdade
Haja vista o encontro do Papa JP II com vários líderes espirituais em Assis na Itália, ou até mesmos em suas visitas pelo Oriente Médio respeitando o ritual de cada da doutrinas, Dalai Lama aqui no Brasil e muitos outros encontros.
5 – Ecumenicidade = Nota-se profunda unificação das igrejas cristãs (católica, ortodoxa e evangélica) e outras, nas causas dos sofrimentos dos excluídos, necessitados (vítimas de terremotos, maremotos, tsunames que devastam todo um pais), são movimentos universais que convocam globalmente pessoas sem se importarem com suas religiosidades em prol de pessoas de diferentes igrejas que necessitam de ajuda. O novo Kairos pessoas de diferentes igrejas se une para ajudar pessoas de igrejas diferentes, e lá eles se ouvem, se entendem e se alegram. Fonte: Faustino Teixeira

Mi - Cps, 17/04/10